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Banha da cobra

por Isabel Paulos, em 17.02.20

banha da cobra

Não confundas quem vive e sente a arte e quem colecciona pareceres calculados. À medida que os anos passam vais notar que as correntes de pensamento (e sejamos francos, chamar pensamento é optimismo) vão aderindo a este ou aquele escritor ou pintor, não por sensibilidade, não por experimentar vínculo íntimo com a criação, mas por aparente irmandade com outros fregueses. É uma espécie de comércio de alimento gourmet que os faz enaltecer este ou aquele. Começarás por os ver como expertos neste ou aquele autor e, à medida que as décadas passam, vais vê-los a discorrer evidências sobre alguns trechos ou apontamentos, em seguida verás como se içam ao patamar de ilustre divulgador da obra e como daí extraem lucro próprio. Por fim, a fechar o ciclo da intrujice, verás como desdenham de quem aprecia esse mesmo escritor ou pintor, por tarde ter chegado ao entendimento da obra, que os ilustres há tanto tempo conheciam, estando agora inclinados para o trabalho de outro vulto, com que renovarão o ciclo do embusteiro, a quem tudo quanto interessa é vender a imagem de primus inter pares.

The Windmills of Your Mind - Noel Harrison

por Isabel Paulos, em 16.02.20

Escolha de Domingo do Vicente.

 

Pantera cor-de-rosa

por Isabel Paulos, em 16.02.20

Escolha de Domingo da Margarida.

(Henry Mancini)

 

Liberdade - ponteiros de sol

por Isabel Paulos, em 15.02.20

pipa

Com imaginação presa à rotina das paisagens trilhadas, pintaste o sol de amarelo a que se seguiu o mar azul. Tudo composto no devido lugar. Aconteceu no Museu Teixeira Lopes e passaram mais de trinta anos. Uma das professoras aproximou-se e despejou: que estás a fazer? Isto é aguarela, solta a mão, solta. Ao mesmo tempo pegou-te no braço e atravessou o pincel molhado de mar no teu sol cativo de doirado. Mas, mas. Não pode ser, pensaste sem coragem para verbalizar o motim interior em voz alta. Aquela mulher tinha acabado de te destruir a aguarela: o sol pingava azul. Há mais de trinta segundos, estiraste-te no sofá e olhaste para cima da televisão, desligada como de costume, leste a palavra imaginary, inscrita a preto desvanecido na rodela aos gomos de madeira, a lembrar as pipas de vinho, de propósito pintada a tinta carcomida. É o relógio a que há anos tiraste os ponteiros depois de, numa das infindas arrumações da sala ou mudas de casa, teres avariado sem querer o motor de tão esmerada máquina, made in China. Tiraste os ponteiros ao relógio e à vida. E, céus! Que bem ficam os sóis a pingar de azul e os relógios feitos de quietas tampas de pipa.

Hobbies

por Isabel Paulos, em 14.02.20

procurar casas

Ah, gosto muito de ler, de andar a pé, de nadar. Qual quê? Mentira.

Nada melhor do que passar um par de horas estirada no sofá a ver casas. Um hobby que exige cada vez mais talento: identificar a rua da casa anunciada pela cor das janelas, a árvore no pátio, os azulejos do prédio em frente, que se vêem através da fotografia da sala; fazer o reconhecimento da zona, apurando os transportes e tipo de serviços; marcar distância e tempo do percurso para locais determinados; fazer estimativas da variação de preços por zona, concluir que todas têm defeito na distribuição das divisões ou na localização e ainda assim guardar nos favoritos as mais tentadoras; mobilar mentalmente, sonhar; fechar o computador e condescender: tudo normal para quem começou a ‘desenhar’ plantas de casas aos nove anos.

Henry Butler - Tipitina

por Isabel Paulos, em 13.02.20

 

Grandes dúvidas

por Isabel Paulos, em 13.02.20

emoções

Há perplexidades que não consigo desenlaçar: em que mina de emoções e paixões se abastecem as estrelas da televisão e do cinema do manancial de adjectivos emotivos para descrever os amigos, os colegas e o trabalho? Fico sempre com a sensação que nunca despem a personagem. Estão sempre em modo dramático-emocional.

Amizades

por Isabel Paulos, em 12.02.20

Negócios

Como se dizia nos anos setente: calma na América que Portugal ainda é nosso.

*

Aditamento: referia-me à disputa do porto de Sines por chineses e norte-americanos.

Sobre a discussão da eutanásia

por Isabel Paulos, em 12.02.20

pavao

A humildade é um dos principais ensinamentos do cristianismo. Não acredito na boa fé de quem argumenta de modo arrogante, de quem se considera moral e intelectualmente superior e despreza a inteligência e as razões do outro.

*

Aditamento: referia-me à veemência irredutível e injuriosa de gente que diz defender a vida, mas a frase é aplicável a qualquer dos lados da argumentação.

 

Tempo

por Isabel Paulos, em 10.02.20

ampulheta

*

Deixa

dizer:

sintoniza

o tempo

de agora.

E não

ligues.

 

Quanto

de bom

na terra

deixaria

de ter sido,

se tal

conselho

tomasse

quem traz

o tempo

dentro

de si.

 

A arte do dito

por Isabel Paulos, em 10.02.20

geometria

 

*

 

Para quê

cansar

o outro

no picuinha

e frio exame

de mostras

híper descritivas,

rectas

e arestas?

 

O dito

de arte

desenhado,

sinal

de coragem

falha, 

ao impor

firmeza

no traço,

exibe

a tremura

da mão

que risca

consciente

e sacudida

por abalos

da incerteza

no velho

tempo

apurada.

 

Se és

dúvida,

não mostres

certeza.

Deixa a

verdade

crédula

do momento

para quem

precisa,

e tenta

não ofender,

se além

da dúvida,

piedade

por ela

sentires.

 

Espanto

por Isabel Paulos, em 09.02.20

Raios

 

*

 

Pára

o coração

por instantes,

no ápice

o cérebro

manda

quietar

o corpo.

Devolve-o

à natureza

de gato

ou cão

retesado,

e vigia.

 

O deslumbre

do milésimo

de segundo.

A alegria

da surpresa,

o medo

do estranho

perigo.

A mistura

do sorriso

incontido

e livre,

 do arrepio

e susto

de terror.

 

A criança

engolida

pela onda

gigante,

que a enrola

no vácuo

e devolve inteira

contra

a areia.

 

A criança

e o raio

que entra

pela bandeira

aberta

da janela

e sai veloz

pelas traseiras.

E outra vez

os fusíveis

do quadro

a faiscar.

 

A criança,

na manhã seguinte

ao vendaval,

trepa

os troncos

das enormes tílias,

arrancadas

pela raiz,

tombadas

na rampa

do caminho.

 

À distância:

a vida adulta,

fabricada

e banal

demais

para nela

caber

o espanto.

 

PSD & Rui Rio

por Isabel Paulos, em 09.02.20

psd

O centro implodiu? Certo. Então, tem que se refazer. A questão certa é como ser capaz de congregar as preocupações de quem não se revê no antigo e degenerado centro. É exactamente aí que a mudança tem de ser feita, em vez da rendição à aparência de radical de direita ou de esquerda, porque os eleitores são muito menos tontos do que se acha.

Faria todo o sentido, em vez das constantes espirais de ridiculização de radicais e populistas – que dão óptimas rábulas humorísticas mas têm efeito nulo em política -, perceber que aspirações satisfazem para atrair eleitorado descontente. E, sendo justas, fazer as devidas concessões sem pudores. Por exemplo, na área do trabalho as injustiças são mais do que muitas e muito há a fazer, sem o preconceito de ir beber ao ideário comunista legítimas reivindicações. Na área da economia só o travão dos liberais ao estrangulamento do mercado pela dependência do Estado ajudaria a amadurecer a iniciativa privada, a deixar de favorecer o Estado como central de emprego e regalias, e à racionalização do papel de redistribuição da riqueza, para por cobro à dependência dos subsídios.

Ao contrário do que se diz, as pessoas que se fartaram do centro e, por isso, votam em radicais, não se indignam contra a liberdade ou respeito pelo Estado de Direito, mas sim contra os interesses instalados, a corrupção, a injustiça e desigualdade no acesso e redistribuição da riqueza. Legitimamente fartaram-se de serem comidas por lorpas. E querem ver mudança. Então, mude-se para melhor o centro, que bem precisa. E esvazie-se o espaço para radicais.

A política está além da sofisticação da análise e dos grandes prognósticos. Às vezes o que está certo e dá resultado no futuro é (simplesmente) o que está certo, contra todos os vaticínios. RR - ou outro que queira vir a ser primeiro-ministro - não tem que sair do centro para agradar à direita, dando aparência apetecível a esse eleitorado. Tem que mudar o centro com ideias e políticas correctas e justas para satisfazer legítimas aspirações dos concidadãos que querem mudança para melhor nas suas vidas.

*

O problema do PSD foi o mesmo do CDS, a impossibilidade ou vergonha de se ser afirmativamente de direita no País que a história recente marcou como certo o lado esquerdo da barricada. Foi extraordinariamente difícil às hostes de direita afirmarem-se abertamente, sob pena de serem fustigadas com impropérios pela opinião influente.

Depois de tantos anos de relativo silêncio – com a ténue excepção dos anos dourados do cavaquismo onde a direita se descobriu após as facilidades de acesso ao crédito e a vida melhorada – e, agora, com a vaga dos populismos de direita europeia, seria natural que a nossa direita pusesse os corninhos o sol e ganhasse protagonismo. Mas, por cá, nem assim. Por não haver viabilidade prática para uma direita não populista. Ou seja, à direita o Chega tem por onde crescer, o CDS sem um Paulo Portas nem por isso e o PSD só terá a perder.

Supondo a hipótese de haver significativa massa silenciosa que acredite em contas verdadeiramente certas e transparentes, no escrutínio das instituições, na isenção e celeridade da justiça, na ascensão por mérito, na igualdade de oportunidades, na justiça salarial, na garantia de segurança dos cidadãos, na manutenção do serviço nacional de saúde universal e eficaz, etc. (porque estas são as questão que interessam ao comum cidadão), a questão que se colocará a seguir é saber o que levará alguém a votar no PSD e não no PS (ou no CDS ou no Chega).

Dir-se-á que o PSD estará mais à direita se defender uma economia livre, mas será isso impeditivo de ao mesmo tempo defender uma maior justiça salarial? É isso que invalida votos no PSD? Só por ser bandeira de esquerda? A maioria do eleitorado deixa de votar no PSD por esta razão. A esquerda tem o monopólio da defesa e justiça dos direitos dos trabalhadores? Ou seja, para quê encostar o PSD à direita se o espaço do centro é o terreno natural deste partido?

A menos que as ideias não interessem nada e na política dos nossos dias valha apenas a aparência. Se for esse o caso, então, RR que se diga de direita populista desde pequenino, que minta tudo quanto pode e depois actue em consciência e em desconformidade com o que apregoou.

*

Ainda que as políticas a defender não tenham que estar entrincheiradas – aliás, não devem -, a geometria ideológica ajuda muito a reconhecer o ponto de partida das posições e por muito que não se goste ou ache primária a dicotomia esquerda/direita ela subsiste e explica muito.

Sting - Moon Over Bourbon Street

por Isabel Paulos, em 09.02.20

Dire Straits - Private Investigations

por Isabel Paulos, em 09.02.20

Tílias

por Isabel Paulos, em 07.02.20

tílias

Depois da Ana Paula, outra mulher virá, a Quinta. Haja cabeça e tempo para a conceber.

A terra da Ana Paula

por Isabel Paulos, em 07.02.20

IMG_20181202_163008

(Espinho, Dezembro de 2018)

Preciosidade

por Isabel Paulos, em 04.02.20

(não conhecia o vídeo, que encontrei no Observador.)

Compromissos

por Isabel Paulos, em 02.02.20

OIPCampo de Trigo com Corvos, Van Gogh

 

Começava o teu 9º ano de escolaridade, faltavam dois meses para festejares os catorze anos e, como havias escolhido a área de opção de Arte e Design, estavam escritas no horário sete horas semanais de Arte e Design e duas de Desenho.

Entraste na sala para a primeira aula de Desenho e, numa turma de apenas dezanove alunos, por serem poucos os maluquinhos com tal opção, sentaste ao lado de uma colega, que viria ser a melhor aluna nessa disciplina (sempre tiveste golpes de sorte), cujo nome deveria ser Maria José, mas não estás certa, passaram muitos anos e recordas apenas que era bastante mais alta que tu, tinha cabelo curto liso e era mais da tua idade que as outras raparigas da turma, todas mais velhas. O professor, Fernando qualquer coisa que não te lembras, nem alto nem baixo e de barriga bem-disposta, fechou a porta nas costas dos alunos e percorreu a sala com o andar descontraído das barbas e jaqueta de bolsos a condizer com as aulas que iria dar e a trautear uma cantiga, talvez no escurinho do cinema chupando drops de anis, e chegado à frente atira: sabem quem canta? Numa sala entre o silêncio e os risinhos surpresos, tu respondeste: Rita… Rita? Ele a procurar de onde vinha a voz e tu completaste: Rita Lee. Ele sorriu. E sabes que foi aquele instante que determinou teres passado à disciplina apesar da tua mais do que absoluta incapacidade para desenhar uma simples recta.

E confirmas que foi mesmo, por apesar de em todo o percurso estudantil teres a maior repugnância pelo copianço ou pela batotice, a verdade é que copiaste meia dúzia de vezes ao longo dos dezoito anos de aluna. Impunhas uma condição: que fosse à descarada, porque não gostavas de falsidade. Foi a inglês no 8º ano (sempre foste uma verdadeira negação para as línguas e para tanta coisa mais na vida), no desenho no 9º ano e em Medicina Legal no 5º ano da faculdade. Agora não te lembras de outros casos que façam a meia-dúzia, mas assim fica por ser possível que tenham acontecido.

O pretexto para o 3 na pauta foi a mais do que perfeita geometria que a Maria José (seria este nome?) desenhou na tua folha de teste, composto por apenas dois exercícios, feita a combinação, nas barbas relaxadas do professor a ler o jornal, de que quando ela acabasse os seus dois exercícios, pegaria na folha onde tu deslizavas o carvão do lápis sem a mais pequena arte ou técnica, para fazer um deles, garantindo-te 50% no teste. Bem vistas as coisas, a Maria José que talvez assim não se chame, deveria ter tirado 150%. E tu um merecido 0%. É por essas e por outras que não alinhas muito nas ladainhas mentirosas do só a mim e dos queixumes da vida ser dura. É, às vezes, muito dura e injusta. Noutras, pelo contrário, beneficia de forma fortuita quem não merece, e muitas vezes não mereceste.

A Arte e Design, pelo contrário, a primeira impressão foi de choque, a professora que queres crer fosse Rosa, mas lá está, é muito possível que assim não se chamasse, era mais velha, muito franzina e com a pele da cara muito curtida do sol e sarapintada de sinais e, horror dos horrores, passou a primeira semana de aulas a fazer-vos trabalhar com Zeca Afonso como banda sonora. Ora, tu, do alto das tuas certezas, disseste que não estavas para aturar uma comunista e deixaste de aparecer nas aulas, onde tinhas começado a fazer um linóleo com a árvore de Natal, que não deve ter ficado pronta, nem para o São João.

No Natal estavas tapada por faltas a essa disciplina e a outras, por assuntos prementes e inadiáveis te fazerem sair do Liceu. A sorte é que por erro administrativo o Conselho Directivo resolveu colocar a zeros as contagens das faltas, pelo que pudeste passar também boa parte do segundo período fora do Liceu.

No ano anterior tinhas aparecido em casa, no fim do segundo período, com cinco ou seis negativas, não sabes bem quantas, o que se justifica por uma delas ter sido dada sem querer, disse o próprio professor que te confundiu com outra aluna, nada de estranhar por teres o péssimo hábito de não te apresentares ao serviço, como mandam as normais regras de funcionamento de um Liceu, onde é suposto assistir às aulas e aprender qualquer coisa. O assunto resolveu-se num trato entre ti e a tua mãe, que agradeceu penhorada teres prometido passar de ano em troca de não voltar a pôr os pés nas reuniões com a directora de turma, para o inevitável vexame. Assim foi, leste os manuais o suficiente para fazer os testes e passar.

E foi por a coisa no 8º ter sido tão brilhante, que no início do 9º a tua mãe te inscreveu num Centro de Estudos. O resultado prático foi aumentar o leque de pessoas interessantes a conhecer e estender a habitual liberdade diária fora de casa, até depois das oito da noite, porque como é sabido há sempre muito trânsito, mesmo para quem era usual percorrer o percurso Liceu-Casa a pé. E entre o Centro de Estudos e o Liceu havia tantos assuntos prementes e inadiáveis a tratar, sobretudo nos cafés das proximidades, que viriam a ser nos anos seguintes poiso onde manterias assiduidade exemplar. Perante os maus resultados do primeiro período, até tu tomaste consciência que era de mais. E acordaste que tratarias de passar de ano, sugerindo à tua mãe o cancelamento da inscrição no Centro de Estudo por ser pura perda de dinheiro para efeitos académicos. Já que  para efeitos lúdicos o espaço se tinha mostrado bastante proveitoso.

E assim foi. Num dos últimos blocos de aulas de Arte e Design, a professora com paciência de Jó e muita sabedoria combinou que se tu fizesses, como trabalho final, uma réplica de uma pintura e, apesar de não teres feito quase nada no resto do ano, dar-te-ia a positiva. Levou-te a casa num final de manhã, onde estiveste uma meia hora a escolher pintor e obra. Impressionada pela quantidade de livros e brochuras sobre pintura, numa altura em que ainda não se falava da Taschen, e mais deslumbrada ainda pela cor e a pincelada louca de Van Gogh, escolheste-o, com certeza. Há instantes assim, certos, absolutos. E a obra, o Campo de Trigo com Corvos, foi o trabalho que fizeste nesse ano. Valeu-te o elogio muito benevolente da professora e a positiva na disciplina.

No ano seguinte acabaram as artes, as faltas e se bem que nunca mais voltasses a ser a boa aluna, que tinhas sido até ao 2º ano do ciclo preparatório, assim se chamava à época, ou mesmo até ao 7º, em algumas disciplinas como a matemática e geografia, o facto é que no 10º ano endireitaste. Acabaram as idas para a rua, a mediocridade, vingou a mediania das notas de humanísticas, compensada talvez pela serenidade trazida ao teu cérebro pela poesia de Fernando Pessoa e José Gomes Ferreira, que não te coibias de ir devorando e descobrindo enquanto decorriam as aulas. Precisaste sempre de qualquer coisa extracurricular.

E tudo se resume a essa mania ou necessidade, sabe-se lá, de ter assuntos inadiáveis a tratar fora de onde estás. O teu pé estará sempre fora, sempre fora de onde estás.






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