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Há um certo tipo de homens que achincalha algumas mulheres com luvas de pelica, de modo dissimulado ou hipócrita. Fazem insinuações quase sempre a questionar a honestidade e valor intrínseco das visadas. Vistas como ignorantes, interesseiras, atrevidas, calculistas. De modo fingido ou hipócrita e achando que de forma frontal perderão a clientela da imagem que vendem, no afã de denegrir as tais mulheres procuram sempre o apoio de um clã de gente supostamente polida, educada e intelectualmente superior, cujos tiques aprenderam a mimetizar. E têm-no na maioria das vezes, por raramente haver coragem de cortar com as coutadas do socialmente aceite – quanto mais obtusos ou mais perto do avental e da enxada estão e destes se querem demarcar - quanto mais mesquinhos ou menos tempo passa da ascensão social da sua família - mais desprezam os que consideram frágeis ou desfavorecidos. A forma vil de se sentirem gente.
No momento em as mulheres reagem discorrendo à flor da pele, impulsivamente, dão a estocada final dissertando sobre a necessidade de ser condescendente com a emotividade patente e falta de juízo delas. Com a incapacidade de agirem racionalmente, de se comportarem em sociedade e de respeitarem as regras de etiqueta. E com isto se sentem alguém, os pobres diabos.
Felizmente a maioria das mulheres sensatas e capazes tem asco deste tipo de homens, deste tipo de gente.
Não sei se repararam, mas Portugal voltou a tossir e a ter constipações.
Sublinho as declarações da deputada Mariana Mortágua:
O Estado não quis saber dos seus interesses. [...] Achou que as contas de Manuel Pinho e António Mexia eram boas para este negócio. [...] Tendo um parecer da APA que dizia que isto não devia ser aceite. [...] A APA põe em causa é o processo judicial que põe em causa o valor das barragens e foi esse valor que o Governo caucionou ao ter aprovado este negócio, ao mesmo tempo que caucionava também uma operação em que a EDP fazia passar alhos por bugalhos, fazia passar por reestruturação o que era na verdade uma venda de concessão.[...] A suspeita não é sobre a AT. [...] A suspeita é sobre o Governo quando autorizou este negócio. [...] Se a legítima suspeita de alteração à lei se confirmar estaríamos a falar de um crime.
Além disso, façam o favor de ouvir a explicação de José Gomes Ferreira. A forma de corrupção em Portugal é infalível - alterar a lei, neste caso via proposta de Orçamento de Estado. Basta mudar parcialmente o texto de algumas alíneas. Por exemplo, acrescentar uma palavrinha como 'industriais' para dar a ganhar milhões. Será isto? Não tenho muito tempo.
Bem, Rui Rio ao falar em ministros advogados da EDP. Bem, José Gomes Ferreira ao referir-se aos maiores escritórios de advogados do país como os legisladores de Portugal.
Legisladores interessados ao representarem interesses dos seus clientes, quando não os próprios, digo eu.
Alguns homens tentam convencer as companheiras, namoradas e amigas que são extraordinárias por contraposição às lambisgóias que dizem detestar. Com um pouco de atenção percebemos que as mulheres objecto desse putativo ódio e desdém são inteligentes, capazes e vão fazendo a sua vida sem se sujeitar aos ardilosos julgamentos de homens que tudo quanto demonstram é medo de perder o controlo do mundo. Tantas vezes com a complacência de outras mulheres seduzidas pela ideia de serem mais perfeitas, mais cúmplices, mais femininas. Normalmente, acaba por sair-lhes o tiro pela culatra. O mundo é mais perfeito do que se pensa.
Bom dia, com Mokambo.
Também na voz de Betty Carter, aqui.
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Hoje não tento gracinha alguma, nem um laivo de pensamento. Só sobra sono e cansaço. Amanhã com certeza haverá tempo e genica renovada. Boa noite.
Hum, sim. Talvez tenha momentos de extremo mau feitio e intransigência, mas no resto do tempo sou um doce. Hum, talvez ninguém confirme a segunda preposição. Hum, com tamanha queda para os exames de consciência, talvez me tenha a habituado a driblá-los.
Vem isto a propósito de sempre reparar nos defeitos próprios e alheios. E ainda assim sucumbir quando me apontam falhas.
No caso, vem isto a propósito de notar em outrem a inveja pelo talento alheio - sendo que invejoso e invejado são terceiros. Talvez seja apenas juízo apressado, ou mesmo precipitado. Mas fica registado.
É preciso ter coração na inteligência (coragem) para perceber aquilo que é doado e acreditar que se trata de doação e não de venda a troco do quer que seja. Reduzir as formas de dádiva às conhecidas, anunciadas ou rotuladas de benignas, pode excluir as mais preciosas: as que não se esperam, não tocam à campainha nem têm o selo e os privilégios das favoráveis.
É de ter comiseração por aqueles que vêem na maioria dos outros simples mercenários. Deve ser triste e solitário viver nesse mundo feio e sujo.
Cada vez que tenho uma ideia para escrever – fora daqui do blogue -, qualquer passagem com pequeno travo a criatividade, alguém me diz: isso já foi usado no filme tal, na série tal, no livro tal. É um cansaço: se me tivesse debruçado mais sobre a ficção científica e as distopias - serão sempre disruptivas, as distopias? (texto deste nosso terceiro milénio, deverá conter sempre estes dois termos) – não passaria por esta frustração nem vergonha.
Fico à espera que me digam que nalguma série, filme ou livro um país ou entidade – sei lá, ao calhas: a China ou qualquer laboratório internacional financiado por um conjunto de países – crie ou potencie uma doença para a qual a cura passe por adormecer as populações.
Imagine-se meio mundo, dois terços, três quartos ou quatro quintos do mundo a dormir - por aí adiante. Numa americanada a coisa seria bem gráfica com a imagens de controladores do tráfego aéreo sonolentos a deixar cair a tromba nos comandos, tal como pilotos, caixas dos supermercados, professores, cirurgiões - por aí fora. A maioria prostrada em suas casas, enquanto os mais despertos - com acesso a antídotos raros e comercializados em circuito fechado - se vão apoderando das vidas dos primeiros.
Uma elite de manipuladores tomaria conta a seu bel-prazer do mundo assim soporizado .
Com certeza já existe filme, série e livro. Tenho demasiado sono para confirmar: ler, ver e ouvir.
Vai um cochilo?
Para descontrair há quem veja séries ou filmes, leia livros. Há quem faça joguinhos no computador ou telemóvel, zurza em chamadas telefónicas os demónios do mundo, pesquise e faça compras online, resolva o sudoku ou palavras-cruzadas, moa o juízo de quem está à volta, converse amenamente, veja cusquices na internet, troque mensagens instantâneas nas redes sociais, siga os Jogos Olímpicos, veja as notícias com atenção, tolere debates televisivos à volta do sexo dos anjos.
E há quem limpe o filtro do aspirador fazendo uso de um busca-pólos - a chave de fendas mais à mão de semear - sentada numa cadeirinha que esteve presente em todas as casas onde viveu - sim, esta pequena cadeira faz parte das memórias de todas as casas onde vivi dos meus pais e também de todas as minhas; já teve três cores.
E pronto, há uma hora não fazia a mais pálida ideia (não é esta expressão que tinha em mente, mas é a publicável; já esgotei o stock de vernáculo para este ano nas Comezinhas; vou guardar uma para o Outono, se o Governo não continuar a dar motivos, claro) sobre o que escrever hoje. Não há nada como dias cheios, de muito que fazer, para ao fim do dia só sobrar vontade de esvaziar o cérebro com este tipo de tarefas. Servem de grande reset. Espero que o reboot seja sereno.
Banda sonora desta tarde.
Pode ser que à noite arranje um tempinho para aqui vir.
Duplicidade neste colocar-me à prova: o gosto de voltar ao frenesim e ao esforço versus a ansiedade.
Recordo entradas anteriores nas Comezinhas:
Bullying é a arma dos fracos.
Bullying dissimulado, arma dos vermes.
Apagão. Fornecimento de energia elétrica já foi reposto em Portugal.
Eh. Provocado por quê? Hum, sei lá, qualquer coisa. Deve ter sido coisa pouca: um fusível ou assim. Interessa é dizer que a REN resolveu a questão e evitou o pior.
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Près de 90.000 foyers coupés d'électricité pendant environ 1h dans les Pyrénées-Orientales.
Ah, espera. Parece que foi um hidroavião.
Há dois dias procurei durante bastante tempo por testemunho de carácter no qual me revisse. Não encontrei. Lancei mão de um que se assemelhasse. Na busca descobri que o mundo está cheio de artistas que se autoproclamam vítimas dos outros e das circunstâncias. Quase nunca de si próprios.
O que o artista se chora por esse mundo fora de dor infligida por outros e pelas circunstâncias é mato. É assombroso que raramente conceba ser o principal responsável por erros, enganos e sofrimentos de uma vida.
Passando ao nível seguinte, enreda-se em discursos dúbios de pulverização de consciência, para que nada se distinga e entre as sombras vingue.
É-me difícil viver num mundo assim. A quantidade de burricadas que fiz ao longo da vida impressiona. E não o escondo. Conto sempre com igual franqueza, mesmo sabendo que nunca a terei.
Segunda dose da Pfizer tomada. Avizinha-se uma tarde a dormir.
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Leio por aí uma patética teoria auto-justificativa de pessoa que por acaso até gostava de ler há uns anos. As palermices que se dizem em nome da defesa dos interesses das raparigas e das mulheres são de uma imaginação a toda a prova. As voltas de cobra que se dão para justificar decisões que tanto podem ser fiéis ao que se pensa e sente como de pura cobardia ou canalhice. Não conheço outra forma certa de resolver a vida que não seja pela verdade. Como de costume misturar alhos com bugalhos resulta sempre quando se quer atirar areia aos olhos dos outros.
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Nos jornais continuam as tricas e laricas e o alheamento da realidade.
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De resto, maldisposta deste ontem. Ou hoje, tanto faz. Já não tenho pachorra nem idade para brincar aos cowboys. E quando quero brincar aos cowboys faço-o com gente que sabe o exacto valor das palavras. Gente que respeito e me respeita. Há coisas que me soam a déjà vu fora da realidade. Assim fiquem. Sem a menor vontade de reprises descabidos.
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O importante: dormir bastante para me refazer e segunda-feira regressar ao trabalho em força.
Sono. Muito sono. Apesar de ter dormido 6 horas. Cansaço.
Ainda bem que é Sexta-feira.
Nunca aprendo. Não foi boa ideia gabar-me de fixar uma password difícil. Hoje só fiz vergonhas: além de mais de 10 tentivas falhadas, consegui bloquear um acesso. Um sucesso, só que não. Vergonha.
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