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Foi um dia

- actualizado -

por Isabel Paulos, em 29.11.22

Quando começou o dia de trabalho às nove e meia pensei colocar uma música no blogue, um banal vídeo do YouTube. Como acontece às vezes, à falta de inspiração para o descobrir, liguei ao Nuno para pedir uma ideia enquanto ia tratando das primeiras tarefas. Acontece muito estar ao telefone - com chamadas profissionais a maioria das vezes, mas pontualmente com pessoais -, a trabalhar e a ouvir música tudo em simultâneo. Erro, erro crasso, dizem os iluminados; há que concentrar numa tarefa única de cada vez, os que tratam de vários assuntos em simultâneo jamais conseguem trabalho de qualidade. Seja, vénia aos sábios do tempo e da perfeição. Um dia quando for grande quero uma vida assim, em que possa escolher ser iluminada. Nesta encarnação, compete-me ser burra de carga alguns dias por mês e nos outros sossegar um pouco e até fazer um nada de ronha. E pensam os inteligentes e os arautos da psicologia aplicada ao trabalho: só pode ser má gestão do tempo. Se soubesse seguir regras simples, utilizá-lo-ia de uma forma mais racional. Sempre que vejo esses conselhos, percebo que quase todos passam por descartar responsabilidades, transferindo-as para diante ou para outros. É a ideia genial dos conselhos nesta matéria – variante do pensamento socrático sobre dívidas públicas: não são para pagar, são para se ir pagando. Voltando ao início do dia e à música: o Nuno sugeriu Adele, que resolvi ouvir antes de postar. Sucede que a atenção nas tarefas me fez perder ideia de a passar nas Comezinhas. Ainda me recordo da sequência aleatória que se seguiu no YouTube; passou para Norah Jones. Gostei desse bocadinho; bem precisava dele para sossegar o dia que se avizinhava. Ainda passei por Chopin, com aquele efeito anestésico que me faz sempre imaginar que conseguiria cometer atrocidades ao som de uma das suas composições para piano. Misturo a imagem do Padrinho e as festinhas no gato. Parece-me ajustada a ideia, aquela paz e serenidade tenebrosa capaz das piores atrocidades. É assim que caracterizo um certo tipo de espírito de música e de atitude face à vida. Tão tranquilo, tão tranquilo que só pode ser gélido e desprovido de sensibilidade. Há pessoas assim, que falam baixinho e doce, pausado, e trazem em si mesmas um facínora e todas as respostas do universo. Até mesmo Chopin teve de ser desligado. Começou a sucessão infernal de telefonemas, emails, conferência de contas e demais tralha que até me dão gozo se forem com conta peso e medida, mas hoje era um dos dias no mês de cúmulo de tarefas – há outros bastante mais sossegados. A maioria. Tentei almoçar em casa, mas uma vez sentada à mesa entre correrias quase não consegui engolir. De tarde a coisa piorou ainda mais por ter sofrido pressão. É sempre bom ser espicaçada quando me falta o tempo para respirar. Dá logo uma boa disposição bestial. A meio da tarde consegui finalmente comer uma maçã. E foi assim na lufa-lufa até às oito da noite.

Há 10 minutos pensava que não conseguiria escrever nada, de tão cansada e com vontade do quentinho da cama e do edredão e da dureza do colchão para endireitar as costas moídas. Era tudo quando desejava há 10 minutos e almejo agora. Mas consegui escrever estas linhas da rajada. Importantes, só podem ser indispensáveis. Ainda que não sejam, fica o registo do dia e o treino de justaposição de palavras. Só falta uma revisão rápida para corrigir os erros que me saltem aos olhos.

O amanhã será parecido com hoje. Mas depois ficarei quatro dias em casa. Acho que mereço.

Castigo

por Isabel Paulos, em 28.11.22

Perseguir, perseguir, perseguir. Cem vezes perseguir.

Ainda não eram seis da manhã quando comecei o post Pé ante pé - hoje é essa desculpa. Vá, e até julgo que sei escrever perseguir; creio já a ter escrito milhares de vezes bem, mas lá está: não sei bem o que aconteceu. Terá sido uma correcção atrapalhada do corrector ou uma paragem momentânea do cérebro? Hei-de ter oitenta e dois anos e andar nisto. Noventa, noventa e dois, quero dez de bónus depois de recomeçar a fumar.

O Calendário 2023

por Isabel Paulos, em 28.11.22

Já me ofereceram o Calendário de 2023, como todos os anos. Este vem com fotografias de Jardins e Coretos portugueses.

Ah e tal, que post tão mal amanhado. Não custava muito fazer um com boa imagem para as audiências e as palmadinhas nas costas. Era só ir ao Google retirar as imagens de cada coreto, misturar umas próprias e fazer um brilharete com meia-dúzia de dizeres banalíssimos a puxar ao intelectual ou ao sentimento de preocupação cultural ou à defesa de alguma causa instântanea. Façam-no se quiserem. Não é o meu género. Eu é mais bolos triviais calendários de parede e fotografias manhosas. 

Entretanto, se sobrar tempo da pretensão, podem plantar árvores de fruto e podá-las; estamos em Novembro. São informações comezinhas, que os iluminados gostam de fazer de conta não prestar atenção nem usar.

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Obrigada

por Isabel Paulos, em 27.11.22

Obrigada Fernando Gomes pelas muitas alegrias que nos deu.

Um brinde 🍷🍷 aos bons velhos tempos: a equipe, a equipe. O que conta é a equipe. A resposta a cada golo. 

Outro brinde 🍷🍷 pela passagem para o lado de lá. Lá nos encontraremos todos.

(nota: não sou de obituários nem de elegias, muito menos de manifestação de pesar chapa cinco, mas ao Fernando Gomes devo muitas boas emoções, respeito e admiração.) 

Pé ante pé

- actualizado -

por Isabel Paulos, em 27.11.22

Começou como é costume ao fim-de-semana: sentada na beira da cama frente à janela com a vidraça e cortinas abertas para tomar conta do movimento do gato - gosto de frio na tromba. São os primeiros minutos em que hesitante fica com o corpo quase todo dentro do quarto e a cabeça de fora, só me apercebendo daquelas narinas pequeninas graciosas e bem afinadas a dilatar e retrair para tomar sentido aos cheiros da varanda. Depois os repentes de cabeça e o perseguir de olho - só vê de um - o vôo dos pássaros, e são esses entusiasmos que fazem com que tome conta dele, não vá pular em mergulho no seu encalço. Lá sai e pata ante pata, fareja as plantas dos vasos uma a uma e come sempre as folhas da mesma: a Alegria. Tenho de ir ao horto buscar a erva própria para gatos, cujo nome desconheço. Mas adio sempre. Segue-se a voltinha à japoneira e o ensaio de salto para o peitoril que faz com que rápida lhe dê instruções de regressar ao quarto. Até agora tem-me obedecido, pronto para a primeira refeição. Falta-lhe liberdade, bem sei. Mas é como é. Dou-lhe de comer duas vezes ao dia: de manhã cedo e à hora do jantar.

Pequeno-almoço e outras actividades matinais feitos, e eis que preparando-me para sair, descubro haver perdido o passe dos transportes. Raios partam a vida, penso enquanto vejo na aplicação da STCP os horários dos autocarros. Percebo que o 303, directo para a Baixa, ainda demora muito, pelo que teria que apanhar o 402 e mudar na Boavista. Contas feitas, duas viagens ficam ela por ela com o preço da Uber. Escolho por isso ir de Uber até à Trindade. Em conversa com o motorista fico a saber que os donos do restaurante do qual mais encomendas faço através da UberEats são um casal de professores, vizinhos dele, que também explorou um restaurante e discoteca na mesma rua até a pandemia dar cabo do negócio – o Porto é uma aldeia e eu adoro a sensação. Comida caseirinha e não é cara, diz-me ele, e eu confirmo: sim, senhor. Chegada ao destino, em pouco menos de meia-hora na Loja Andante – 20 minutos de espera, o resto a ser atendida, uma simpática menina de unhas pretas - a moda nos últimos dez anos que nunca deixa de me lembrar A Família Adams, - faz novo passe, e como está associado ao cartão do cidadão recupero as viagens até ao final do mês. Menos mal. Carrego de viagens até 31 de Dezembro. Este ano não precisarei de pensar mais no assunto.

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Sigo em direcção à primeira loja. O pretexto para a ida à Baixa – não concebo passar uma época de Natal sem lá ir – são os presentes masculinos seniores. Aconselhada por uma colega de trabalho vou para a Rua do Bonjardim na zona, disse-me ela cheia de pudores, na zona daquelas mulheres. Referia-se às prostitutas que sempre ali pontuaram. Percebo na montra da loja que tudo quanto vendem é caro. Ao contrário, presumo, das profissionais do sexo que pelas indumentárias denunciam, imagino eu, preços módicos. O aspecto de loja é antigo e caro: só boas marcas. Lá consigo satisfazer a minha vontade de arranjar uma lâmina de barbear com suporte e à moda antiga para o meu sogro. A antiguidade do produto é proporcional à lentidão do dono da loja. Todo o ritmo ali é doutro tempo. Muito, muito vagaroso. Desta vez não me aflige, até por me dar tempo de brincar com o sistema de abertura das cabeças de metal que resguardam a lâmina: lá fico a pegar na haste e a rodar a ponta, abrindo e fechando as abas da cabeça. Desde criança não via lâminas amovíveis – as do meu avô. À saída mais a baixo existia o restaurante Bicho Papão, disso me lembrei ontem, e dos almoços com colegas de trabalho do primeiro banco onde trabalhei, um pouco mais abaixo a chegar à Praça D. João I. Há meia-dúzia de anos, num Natal em Bessa Leite com os meus sogros, encomendei lá a ceia. Voltando ao final do século passado, entre os colegas de trabalho lembro especialmente a H., uma simpática e eficiente caxineira, que vinha para o Porto todos os dias no comboio da Póvoa de Varzim – dois anos mais tarde a linha viria a ser encerrada e convertida logo depois em metro. Cozinhavam bem no Bicho Papão, por isso lá íamos, mas a H. embirrava com a presença das prostitutas da zona nas mesas do restaurante. A mim nunca me fez  confusão tal companhia, mas serei um bicho estranho.

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Depois Sá da Bandeira, duas fotografias sem primor para registar duas casas comerciais muito do agrado dos meus pais e da minha avó materna: a Casa Hortícola e a Casa Chinesa.

 

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É então que entro pela primeira vez depois das obras no Bolhão. Com alegria. É verdade que está transformado num mercado com os tiques iguais a tantos outros pela Europa fora, com fruta e suminhos a serem consumidos no local, mais as moderníssimas provas de azeite e vinho e essas tretas todas, mas está com vida. É o que importa. E ontem, Sábado à hora de almoço, ainda que se vissem muitos estrangeiros, predominavam portugueses, apesar de muitos deles já estarem imbuídos do espírito de turista mesmo dentro de portas. Trouxe seis clementinas com folhagem (os olhos comem) e duas romãs. Da vendedora adoentada nem meus amores nem minhas queridas, também ela se europeizou.

 

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E lá fomos para Santa Catarina. Mais uma fotografia à Livraria Latina. Na loja de marroquinaria Cavalinho - na qual me nego a tirar fotografia já que os dourados e todo o mau gosto da decoração assusta, apesar na belíssima qualidade dos produtos, que por vezes conseguem ser discretos, tal como são bonitos os embrulhos - comprei um cinto para o meu pai. Cliente única na loja apesar da rua estar pejada de gente. Antes de abandonarmos o périplo de compras de Natal, fomos tomar dois cafés com dois pastéis de nata e um copo de água. No Bolhão apanhamos o metro para meu degradado, que odeio andar nele, ainda que o do Porto seja sobretudo à superfície. Descer escadas para me enfiar debaixo de terra é uma coisa que sempre me desagradou. Seguiu à pinha, com um grupo de pequenos escuteiros, que eram bem engraçadinhos e não têm culpa nenhuma das minhas fobias.

 

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Em vez de sair no Carolina Michaelis, saí na Casa da Música para ir ao Boémia Café, na esquina da Avenida de França, em busca do Arroz de Cabidela - um dos pratos da casa aos Sábados. Trouxe uma dose para o almoço tardio – dá para dois à vontade.

De tarde tratei de confirmar os lugares para o festejo do próximo fim-de-semana e estive na treta com os meus pais e o Nuno.

Foi assim. Agora já posso ir nadar.

Sono

por Isabel Paulos, em 26.11.22

Era suposto escrever o diário de hoje, mas estou a cabecear cheia de sono. A tentar contrariar o cansaço e a hesitar tomar café, por achar que não vai surtir o efeito desejado. Vai daí, vou ceder sabendo que se me deitar agora, lá para as cinco da madrugada estarei com o espevite todo, o que não me agrada. Caramba, de noctívaga a madrugadora. Nunca encontrarei o meio-termo na vida? Amanhã, se não surgir assunto palpitante que me faça esquecer do rame-rame, falarei deste Sábado. Um banal Sábado de Novembro.

Hora de almoço

por Isabel Paulos, em 25.11.22

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Isto de decidir nalgumas sextas-feiras almoçar junto do local de trabalho, dispondo do tempo gasto normalmente a correr atrás de autocarros, para bater perna na rua ou no centro comercial, ainda me leva à falência. Compras feitas hoje: presente para mãe, Um Judeu em Lisboa, e para mim própria, a biografia de Agustina Bessa-Luís. Mais um casacão em dia de Black Friday. Só boas compras. 

Ouvindo agora

por Isabel Paulos, em 25.11.22

Atrasada

- actualizado -

por Isabel Paulos, em 25.11.22

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Talvez devesse registar esta manhã, mas ainda vou no final de tarde de ontem. Há dias em que a vista no local de trabalho é deslumbrante, outros impactante, e não resisto a tirar uma ou outra fotografia, apesar da máquina fotográfica ser mazita e a manuseadora dela não lhe dedicar grandes primores.

Depois de duas semanas de dias ininterruptos de chuva – há quem me conteste, não foram duas mas sim três, contudo creio que houve abertas na primeira da sequência -, hoje o céu está praticamente limpo. Bem o anunciava o vermelhusco de ontem a poente, registado na imagem abaixo (pena a fotografia não representar o vermelhão real percepcionado pelas pupilas dos olhos).

Na semana passada não consegui captar um expressivo momento da manhã prévia ao vendaval desfeito à hora de almoço – um bando de muitas dezenas de gaivotas numa dança frenética e desnorteada enchia a visão de toda a esquadria da janela, a fazer lembrar o filme de Hitchcock. Acontece pontualmente antes das tempestades. O mundo ainda é o que sempre foi, desde que tenhamos os olhos da razão e do coração abertos.

Sentiria falta deste ponto de vigia, se o perdesse, como é bem possível que aconteça.

Japonesices

por Isabel Paulos, em 24.11.22

De manhã sobrinha, à noite sobrinho. Meia-hora de conversa. Com eles sei que rapidamente vou até ao Japão ou à Coreia do Sul. Bem me lembro da fase de há uns bons anos, dos caderninhos com dezenas de palavras e expressões japoneses. Tudo por causa do Anime. Em miúdo relatava-me com entusiasmo as vidas e dramas das personagens, a que eu ouvindo com a máxima atenção conseguida e simplificando bastante me referia como bonecada, sem que deixasse de perceber uma sensibilidade muito diferente da Ocidental. Hoje contou-me o último Anime que acompanha: envolve o mundo do futebol com apontamentos bem realistas e referências a jogadores e clubes nacionais, como o Portimonense, num desafio duro e arriscado para formar uma selecção (japonesa) após o desaire do último mundial. Como faltam episódios e a curiosidade pelo enredo é grande, anda a ler o livro correspondente. Há mais de três anos a trabalhar em IT sobra pouco tempo para passatempos, que passam muito por estar com o grupo de amigos formado ainda criança, mas também pelos jogos online – é da geração deles. Há dois dias experimentou os óculos 3D num jogo de realidade virtual que antes havia rejeitado por tédio. Desta vez achou piada por ter encontrado na rua um contrabaixo a quem se juntou um guitarrista e um saxofonista e por fim uma pianista, de diferentes nacionalidades. Interpretaram o que pediu. Entre outras, composições de Yann Tiersen. Como é próprio da geração dele, apesar de viver em Portugal, a vida profissional e muita da lúdica faz-se essencialmente em inglês.

Gosto que os pimpolhos tenham noções de música e, melhor ou pior, saibam tocar ou dar uns toques no piano e na guitarra. Sempre me pareceu importante desfrutar de formas de expressar o que vai dentro de cada um e extrair qualquer coisa de um instrumento musical é uma maneira extraordinária de poder extravasar emoções. É mais uma linguagem.

Goodreads

por Isabel Paulos, em 24.11.22

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Há duas semanas subscrevi o site Goodreads. Sem grande disponibilidade, não o cheguei a explorar guardando para mais tarde essa tarefa. Hoje de manhã conversei um quarto de hora com a minha sobrinha, que aos 17 anos está aborrecida por ter tanto tempo disponível. Sabendo que desde muito pequena teve o tempo todo contado, avisei-a antes de entrar no 12º que ia ser assim e que aproveitasse. Ela própria o sabia pela consciência que possui de horários e organização dos dias. Aliás, já tem noção do que irão ser os dois primeiros anos da faculdade. Mostrou-me o livro acabado de ler: Se os Gatos Desaparecessem do Mundo, de Genki Kawamura. Desta vez traduzido para português, apesar de preferir ler no original (não do japonês, naturalmente) ou traduções para inglês. E referiu uma passagem em especial, que publico abaixo. Nada tem a ver com gatos, explicou-me e acrescentou: os japoneses escrevem muito por metáforas e os gatos simbolizam a solidão. Já é utilizadora da Goodreads há algum tempo e mostrou-me o seu funcionamento. Pormenores como a possibilidade de colocar a meta anual do número de livros a ler ou trocar informação com amigos sobre leituras através de notificações (como se fosse rede social). Não digo o objectivo anual dela, já ultrapassado, por desde criança mostrar que não gosta nem o pouco que a exibam e gabem. Mas sugiro a quem não conheça esta plataforma de catalogação de livros, a personalizar com as leituras pessoais de cada utilizador, que a espreite aqui.

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Joaquim Paço D' Arcos

O Vestido Novo

por Isabel Paulos, em 23.11.22

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Ben Webster e Oscar Peterson

por Isabel Paulos, em 23.11.22

Agenda

por Isabel Paulos, em 23.11.22

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Mais dois temas a desenvolver noutro dia. Ou talvez não. Estas agendas por vezes ficam por isso mesmo e já serão o bastante para deixar no ar as questões que importam.

 

A neutralização através da escolha dos factos

Um assunto recorrente nas Comezinhas: a retórica. Compreender como uma opinião ou reportagem, crónica ou artigo imaculados, sem um erro factual, e de sentido verdadeiro num conjunto bem discorrido, podem servir para justificar o inaceitável ou destruir um alerta importante para os perigos do futuro.  A oportunidade é tudo. Anular um aviso pertinente mediante texto ou opinião laudatórios ou condenatórios, plenos de factos e verdades indesmentíveis. De objectividade aparente. Por serem ditos num determinado momento servirão tão só para destruir outras tantas verdades que compõem o todo e são omitidas ou neutralizadas através da enumeração orientada pela escolha de determinados factos.

 

Os desencontros

A falta de sensibilidade. A informação e o conhecimento desprovidos de sensibilidade provocam fossos de entendimento nas conversas e debates. Seja o saber enciclopédico, seja o mero acumulado de décadas de informação de temas da actualidade desprovidos de espírito de humanidade, real e não provocado por excites momentâneos de rebanho ou por mera mania de contraditório, conduzem à navegação à vista e a meras tomadas de partido consoante interesses menores ou transitórios.

O novo mundo

por Isabel Paulos, em 22.11.22

 

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TSF, 09-12-2021

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Observador, 21-11-2022.

*

Para o ano deve sair a decisão da obrigatoriedade de substituir os candidatos por unicórnios coloridos nos boletins de voto. 

Tomasz Bagiński

Fallen Art

por Isabel Paulos, em 22.11.22

Recapitulando

por Isabel Paulos, em 22.11.22

Ontem, presumo na sequência da leitura dos meus últimos textos, abriram este postal de Janeiro passado - além da entrada Crapô de junho de 2021, em que reflicto sobre os joguinhos infantis da discussão pública dos temas da actualidade, através do emaranhado da enumeração de factos e argumentos supérfluos para conferir aparente seriedade às opiniões. Puxo o primeiro para a ribalta das Comezinhas, para que fique visível. Não quero que falte nada a visitantes mais discretos. Não sei se querem uma rábula de discos pedidos, também?

Cedendo ao joguinho infantil, digo que o parágrafo anterior se justifica pelo facto de achar pouca piada à falta de lisura e ao calculismo. Se a intenção fosse boa e desinteressada, não teria de ser escondida. Tenho a maior consideração por quem respeita os outros e a mim. Quando isso não acontece, não há qualquer razão para ter respeito. E não me afastarei um centímetro desta postura enquanto sentir que desconfiam, usam tacticismos palermas ou são oportunistas - esta última, a característica mais apreciada na opinião que vinga na nossa praça, habituada à maledicência e intriga política, avessa à franqueza e honestidade.

Nem um centímetro, apesar de saber que fico com o odioso e rótulo de ser ressabiada e ter a mania da perseguição. Não tarda nada aparece um textinho piedoso e dissimulado - de modo a não ser detectado - de algum inocente útil a perorar sobre alegadas pechas desta megera malquista, rodeada de gente boa e bem intencionada, que por mau-feitio trata mal. De modo a que tudo permaneça tranquilo e podre, como convém aos heróis da fava rica, cada vez mais inchados.

*

Opinião válida

por Isabel Paulos, em 05.01.22

É revelador do estado de mansidão a que chegamos o número de vezes a que assistimos na televisão, nos jornais e nos blogues o verberar pela opinião dominante dos meios de comunicação de massa sobre a estupidez dos que não aprendem a sujeitar-se sem estrebuchar.

O insólito é fazerem-no hasteando as bandeiras da liberdade de expressão e do contraditório, como se o admitissem quando diária e sucessivamente tentam silenciar qualquer um que não vá na corrente. Adoro parangonas como “na minha opinião”, “eu que sou um desalinhado”, “eu que penso pela minha cabeça”, logo seguidas do invocar de uma qualquer trivialidade medíocre e bronca aceite pela maioria audível e de mindinho no ar, ou então constatar a permanente censura em vácuo dos radicalismos por extremistas das conveniências e interesses.

Que fazer? Têm-se pelo nec plus ultra da opinião válida.

Jantar

por Isabel Paulos, em 21.11.22

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Sofisticadíssimo menu, hoje: pizza do Pingo Doce, salada e mini cone gelado de maracujá, ambos do Continente. Foi uma canseira preparar este requintado jantar: ligar o forno 15 minutos, temperar a salada e remover (reparem que não tirei nem retirei, removi; quanto génio) o invólucro do gelado. Estou exausta, mas ufana de tanto labor. Sou o Ás da cozinha.

Oh heresia, oh tragédia, oh infortúnio: aderir à  banal moda de décadas num tempo em que é suposto confeccionar com anunciado primor e perfeição enredados pratos de aparência ultra actual para impressionar comensais e passantes.

Tão envergonhada me sinto, caramba. Onde está o buraco?

*

Este post ficou em cima, e acabará por ser mais lido do que os prévios, mas quem não leu os Bichos, ou tem vontade de reler, é muito mais aconselhável lançar os olhos pelo conto Vicente de Miguel Torga colado no postal anterior, do que perder tempo com quem ainda de manhã escreveu 'escorre-se', quando queria escrever 'escorresse'. Abanquem (nego-me a dizer abancai) nas Comezinhas com Miguel Torga. Já sei que será uma entrada bastante visitada nos próximos anos - por pesquisas no Google -, se deixar o blogue vivo. E só por isso, tal como as muitas entradas com publicações de poesia, contos, crónicas, ficções, trechos longos de novelas e romances que por aqui fui colando, já valerá a pena. São as migalhas do caminho.

Miguel Torga

Vicente

por Isabel Paulos, em 21.11.22

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De castigo

por Isabel Paulos, em 21.11.22

Escorresse, escorresse, escorresse. Cem vezes.

Já não preciso dizer nada, pois não?

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