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Sacudir a pasmada

- actualizado -

por Isabel Paulos, em 31.01.23

A chuvosa temporada Outono-Inverno empestou de caruncho muitos ossos e ânimos e não fugiste à regra. Já os últimos dias de sol forçam sorrisos de esperança tímida, ainda receosa a escamar o musgo à pele. Dás por ti naquela precisão de programa, de desafogo. Instala-se a sensação mesclada de fastio e insubmissão perante apatia de vida. Não. Farta da vidinha casa-trabalho, trabalho-casa, piscina ao fim-de-semana, blogue-blogue, leituras reincidentes, uma ou outra quebra, mas as mesmas caras, os mesmos lugares. O Sol contou-te hoje que nem tudo se pode fazer das mesmas caras, das mesmas páginas escritas e lidas, das mesmas ruas. Tem-te dito isto a vida toda, é preciso que o oiças.

Hoje desceste a pé até ao local de trabalho e pelo caminho viste uma loja de artigos em segunda mão com um cartaz a anunciar que compram quase tudo. Logo te animaste com a ideia de despachares trastes inúteis. Há pouco rápida passaste os olhos pela casa e salvo aquele candeeiro laranja, que até hoje estás para saber o que te passou pela cabeça para comprar, não parece haver nada a livrar. Será apego ou haverá mesmo parcimónia? Dizem que compram roupa, aí sim tens muito para arejar. Mas nesse caso é mais útil continuar a dar. Desfaz-se a ideia de pequeníssimo negócio, porém fica a vontade de dar mais uma volta aos armários para libertar espaço – uma volta maior do que as habituais, mais pródiga, mais libertadora. Pronto, és portadora de um projecto, como agora se apelida toda a acção irrelevante.

Indo para o segundo plano. Sair, arejar, espairecer. Respirar. Não devia ser preciso planear o movimento de inspirar e expirar, mas é nisto que estás. Dois fins-de-semana por mês, dar corda aos sapatos e arranjar programa, especialmente de Sábado, já que ao Domingo apetece mesmo a ronha da vida caseira. Um Sábado para o conhecido – parques, praia, cidade. Outro Sábado destinado ao desconhecido ou há muito não vivido. E baralhar os dois. No habitual parque introduzir a novidade de alugar uma bicicleta para voltar ao gosto sem prática há tantos anos. Outra reminiscência: depois de muitos anos sem a mais pequena vontade de voltar aos bares, deste por ti com desejo de uma bebida rodeada de gente barulhenta – bom, semi-barulhenta, ou um nadinha ruidosa, vá, gente a falar em tom moderado, mas – gente desigual, outras paredes, caras, mesas e cadeiras, outros sofás, histórias e conversas, outros pensamentos e estados de espírito. E música in loco. Alguém te sugeriu o Hot Five, agora em Guerra Junqueiro. Boa ideia. Já havias pensado nisso há dois anos e protelaste. Tens de lá ir uma noite destas. Para já e no próximo Sábado vais ao WOW em Gaia, em regime de matinée - é preciso ir devagarinho.

Esboçar a quebra de enguiço quanto a fins-de-semana fora. No interior, de preferência. Que fosse uma saída por trimestre, já seria incremento. Turismo-rural para matar saudade, já que não tens a menor vontade de voltar ao teu paraíso. Queres deixá-lo intocado na memória, como foi. Está muito bem como está, e tu contente por se encontrar em boas mãos e com a vida que merece, mas precisas de distância para preservá-lo. Agora o mundo rural deverá fazer-se em terras estranhas, desconhecidas. Mas acontecer. Cá está outro projecto. Um fim-de-semana numa terriola que te encante – sabes que uma vez chegada e ao fim de cinco minutos estarás a idealizar casa com árvores e uma vida ali, até caíres na real e voltares de mala em punho aos laços apertados que te atam ao Porto. Será que algum dia os cortas?

E, por fim, ainda por decidir a viagem a Istambul, Ankara e Capadócia. Uma extravagância que seria merecida, crês. Ainda com friozinho na barriga – a ténue réstia do entusiasmo do que um dia foste, do que um dia desejaste ser. E o pó dos desejos irrealizáveis.

Num post habitual brincarias e dirias que todos estes planos são nados-mortos e quase nada se concretizaria. Dás sempre essa ideia de quem passa a vida a idealizar o que não concretiza. Não é verdade, se é certo que há muito por materializar, a tua vida fez-se bastante de ondas de vontades. Não se nota, nem queres que se note em demasia. Com felicidade Deus criou-te sem talento nem vontade para o fogo-de-artifício. Gostas bastante mais de viver do que fazer vista. Primas por pousar as exuberâncias, reduzindo-as ao comezinho e ao longo da vida muitas vezes viste confundir este traço com incapacidade, falta de interesse ou passividade. O que se percebe num tempo em que se privilegia o estardalhaço e o fictício. Além do que se o Universo te fosse satisfazer todas as vontades, sossegar todas as inquietações, suprir todas as insatisfações e  libertar de todas as angústias, não teria tempo nem oportunidade dele próprio existir e convenhamos que há prioridades e mais oito mil milhões de almas para acudir. Por saberes disto vais-te fazendo à vida, tratando das ninharias que te trazem contentamento. Se não atrapalhares a vida dos outros e fizeres pela tua, sendo independente, saudável e tendencialmente alegre, já ajudas. Uma filosofia de vida tão válida como outra qualquer - a que hoje em ti vinga.

Sobras para mais logo

por Isabel Paulos, em 30.01.23

Com imensa vontade de falar com os teus botões em voz alta. É vício, é fácil, não dá trabalho, não deve ter valor. Bahh, perspectivas agoirentas. Xôoo. Depois da manhã de consulta e tarefas administrativas - que retomarás antes de fechar o estaminé -, passaste a tarde a falar para dentro ao som da Zaz e no entremeio das duas dezenas de almas com quem conversaste ao telefone, mais a dezena que contigo trocou palavras presenciais - escreverias melhor 'à vista'?

Será que há sobras para escrever à noite? Logo se verá.

Zaz

por Isabel Paulos, em 30.01.23

  

Uma semana feliz. 

Rame-rame

por Isabel Paulos, em 30.01.23

b6194b0e-01d3-4a04-bbca-ccb1ad4ae8c1Agora os passeios matinais pontuais nos Jardins do Palácio só voltarão para o ano. Tudo dentro do previsto. Ah, não. Há passeata na Primavera, creio. Mas o que interessa é que tudo corre bem.

Cenários

por Isabel Paulos, em 29.01.23

Capturar

Imaginando que daqui a 10 anos estamos sob a pata de um regime autoritário de Direita, é-de pensar que será feito da vozearia uníssona dos democratas de ocasião que domina a comunicação social, as empresas, editoras e consultoras de divulgação de propaganda política e cultural, os blogues e redes sociais vips. Enfim, os marketers da política e cultura. Naturalmente, a maioria destes orientadores de mentalidade não arredará pé dos seus postos privilegiados. Adequará outrossim, e como é habitual em Portugal, o discurso à situação para se manter na mó de cima com o regime que vigorar. Com oportunismo usará a mesmíssima retórica para defesa de tudo quanto hoje diz detestar. O móbil é o poder e não os princípios. O conhecimento - em rigor, mais parco do que a aparente vastidão dos catálogos debitados e rendilhado da narrativa - é posto ao serviço de interesses egoístas, pessoais e de clã.

Assim que caísse o regime autoritário de Direita - que não creio venha sequer a vingar, ou pelo menos assim tenho esperança, apesar de tudo depender da evolução da guerra e conflitos que se avizinham e dos ajustes e desajustes de poder das principais forças e agentes internacionais -, a mole de gente que domina a opinião em Portugal construiria uma história de incontestáveis factos de resistência aos anos de ditadura que comoveria as pedras da calçada, para se alçar de novo a paladina da Democracia. Enalteceria de novo o pluralismo de opinião, que às suas mãos se reduz a mecanismos de manipulação do pensamento, assim se perpectuando no poder fáctico seja qual for a circunstância, seja quem vingue no aparelho de Estado. E assim se faz a História que não vem nos manuais. 

Só banalidades. Só bitaites comezinhos. Neste espaço não se passa disto, não se aprende nada. Aliás, aqui é só atoardas. Nada que interesse a iluminados. Ide procurar substância, rigor e erudição noutro lado. Andor.

Niquice

por Isabel Paulos, em 29.01.23

Isto chateia. Ainda mal acordei e já levo com um 'cumprir com as obrigações' no lugar do simples 'cumprir as obrigações'. Nem sou muito destas niquices, mas como é destaque de um jornal cheio de prosápia (o único que subscrevo), não resisti.

Agora sim vou abrir o estore e dar início oficial ao Domingo. Até aqui tinha estado por aí a descobrir o mundo ainda no vale dos lençóis, sob o olhar atento do Ritz.

Diário

por Isabel Paulos, em 29.01.23

Esta noite regressei ao velho hábito do computador no colo enquanto estirada no sofá. Televisão na SIC Notícias para me ligar ao mundo – bom, ao mundo com tempo de antena. Já ontem a deixei ligada após o jantar para ir ouvindo o que se passa por aí. Dois dias de notícias, ena.

Ontem dei por mim a ouvir um dos blocos informativos, no qual um comentador que considerava, pelo registo franco e honesto, demonstrou já se ter deixado corromper nas ideias. Até há poucos anos dizia o que pensava, hoje limita-se a debitar a irritante lenga-lenga do mainstream informativo-opinativo – aquilo a que durante muitos anos chamei mentalidade de jornalista e hoje é a mentalidade dominante no mundo. Deixou de contar, senão para a contabilização do amontoado de gente que se vende às exigências da falsidade e de modo perigoso encaminha o país para o canto da sereia da autoridade. Sejamos optimistas: pode ser que não corra mal e ainda haja tempo. Pode ser que possa continuar a acreditar que não é irremediável o caminho para a vitória do populismo autoritário (por enquanto vivemos de populismo democrático). Pode ser que não esteja enganada como nas últimas eleições, mas a força da mentalidade acima referida é avassaladora e assim sendo é muito difícil vingar o bom senso no quotidiano político e nas urnas – a população sente-se desnorteada com toda a razão e os mantras da comunicação social são de uma pobreza de rectidão insuportável. Não me vou demorar no tema, por já muito escalpelizado nas Comezinhas. A ideia é simples: a lei da rolha imposta pelo politicamente correcto ou tonteria dos zelotes da imaculada democraticidade das almas tem como consequência o engrossar das hostes ditas radicais. O caminho deveria ser o do esvaziar do populismo pelo encarar com verdade e sem falsos pudores as questões melindrosas. Trazê-las para o espaço de debate dito respeitável sem os habituais anátemas. Resolvendo-as. Pegar nas várias bandeiras populistas e encará-las sem medo, por representarem capital de queixa das populações, que jamais devem ser metidas debaixo do tapete ou sufocadas, minando desta forma a saúde da Democracia. Abafar melindres (tantas vezes maioritários, apesar de não reflectidos no voto) significa calar as populações, o que nunca é boa ideia. Mas, lá está, isto é chover no molhado e muito tempo passará e eleições se realizarão antes que estas constatações sejam absorvidas no discurso dominante. Sendo os portugueses gente de meias-tintas pode ser que passemos entre os pingos da chuva, fazendo de conta que não percebemos o que se passa à nossa volta e dizendo frases simpáticas e falsas que quase todos fingem gostar.

Vi também o programa de debate risonho entre o humorista intelectual, o candidato a ministro da cultura de direita e o comentador da voz comum com as antenas atentas mas ainda criticas à voz dominante. O primeiro citou a clássica ‘nada do que é humano me é alheio’ e discorreu sobre as modernas adulterações, o segundo fez uma piada sobre ir a despacho por emoji naquele ar de quem se ora se diverte ora se enfada com este mundo de gente desprovida de decoro e inteligência, e o terceiro chutou para o canto de problema laboral uma dessas questões que provocam imenso pipocar nos corações dos comentadores dos floreados. Disseram muito mais, mostraram muito calo retórico e inteligência e eu estava em simultâneo a tratar de uma qualquer tarefa. Há muito não os ouvia e julgo que passará outra larga temporada sem o fazer. Já houve tempo em que acompanhava esse e outros debates. Cansei.

Hoje a propósito de leituras nos jornais dei por mim a congeminar qual será a corrente não só de estilo e linguagem, tout court, como de semântica, que vingará daqui a 40 ou 50 anos? À parte da sucessão de correntes há sempre aquilo que acrescenta à bola de neve conferindo nova dimensão. É a isso que me refiro e não a movimentos conjunturais. Fico a pensar se será um certo despojo por distanciamento dos depósitos de erudição. Por mais que respeite gente conhecedora de toponímia, referências cinematográficas, literárias, artísticas, históricas etc. e tal, textos com profusão destes expedientes, num tempo de multiplicação de dados, informação e conhecimento, podem cair em desuso. Claro que virão os excitadinhos do costume falar da promoção e vitória da ignorância, na luta inglória pela cultura, nas cruzadas pela erudição. O caso, pelo contrário, é de exigência. Depósitos e catálogos continuarão a ter o seu espaço, mas serão isso e não reflexões. Pensar implica conhecimento, mas também distanciamento dele. Depuramento dos dados, distância da informação. Se puser a mão em cima dos olhos deixo de a ver.

Evolução das tulipas

por Isabel Paulos, em 28.01.23

1. 16 de Outubro 2022: Bodeguices na varanda.

2. 21 de Dezembro 2022: Tulipas.

3. Hoje, 28 de Janeiro 2023: 

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A natureza tem os seus tempos. Tudo demora o seu tempo.

Bom dia

por Isabel Paulos, em 28.01.23

(espreitando)

Está aí alguém?

O Estado sou eu e o meu megafone

por Isabel Paulos, em 27.01.23

É a nova versão do Estado sou eu, mas agora pela prédica de cristão bem-intencionado. 

Diz que o Governo deve governar melhor, a Oposição ser mais afirmativa e pede à Câmara Municipal de Lisboa que gaste menos no palco para receber o Papa. Diz tudo isto e muito mais sob os holofotes dos jornais e televisões. Diz tudo a toda a hora sempre de megafone na mão, procurando agradar ao maior número de portugueses.

E, no entretanto, diz-se preocupado com a perda de relevância das Instituições. As tais que todos os dias pisa e desconsidera através dos inúmeros bitaites, amplamente secundado pela comunicação social. Só rindo.

Entretanto os entertainers da informação e da opinião continuam a distorcer o passado do país e a tentar manipular o presente em benefício da manutenção e fomento da rede de interesses que mantém o país nas mãos de uns tantos presumidos de pouco valor especialistas no auto-elogio e na promoção de governantes e opositores de modo a que, ficando a dever o favor, giram os interesses da fraca casta. O discurso passa sempre pela valorização dos simulados mantras das últimas décadas - que conferem bilhete de ingresso no mundo audível dos meios de comunicação e redes sociais -, e a omissão deliberada ou o refutar de factos relevantes para o percurso da nação, apelidando-os de mentiras ou ódios. Tudo quanto explica o estado de neurose a que chegamos é enfiado debaixo do tapete. E assim se adia o país.

O Estado sou eu e um punhado de gente de pouco valor e avessa à verdade.

Sexta-feira

por Isabel Paulos, em 27.01.23

Yeahhh. 

O que somos

por Isabel Paulos, em 26.01.23

E não somos. Tudo quanto nos parece evidente, tudo quanto nos é repelente num ápice pode mudar. As circunstâncias baralham os gostos e aquilo que dá ideia ser traço de personalidade, de carácter até, esfuma-se nas contradições mais saborosas da vida. Todos os paus que engolimos e nos fazem ficar tesos de postura, levando-nos a gabar de ter a espinha muito vertical, quantas vezes mais não é do que mania. Pode até ser uma mania com virtude, muito razoável, digna. Mas o vento das ocasiões, das gentes, das diferenças faz-nos mudar. Às vezes regressamos ao ponto inicial, voltando a empertigar-nos como se nada tivéssemos aprendido, como se não nos moldássemos. O dogmatismo diz mais das nossas fraquezas do que do conhecimento e valor que achamos possuir. Serve-nos de escudo para o desconhecido, que teimamos em catalogar de ignorância ou deseducação.

E agora passemos a gatos e à beijoquice. Passei a infância povoada de bicharada e sempre ocupada com cães e gatos, cuidando-os o melhor possível. Após o que que se passaram muitos anos sem o convívio diário com animais domésticos. Repele-me a sua equiparação aos humanos, por mais que goste de os tratar bem. Por mais que saiba que os bichos sentem e sofrem para mim há hierarquias e a vida e bem estar físico do animal não é igualável à do ser humano. Passei anos a fugir das pausas em grupo para café na empresa e uma das razões era a insuportável conversa diária sobre os gatinhos e as suas graças, com partilha de vídeos.

Tal como a conversa sobre gatos a beijoquice fora do nicho familiar ou de amizades próximas repelia-me. Cresci com imenso mimo e fartas demonstrações de afecto familiar. Sei que isso me fez tal como sou: crédula à partida na bondade das pessoas e a levantar a cada desilusão. O depósito de amor que me foi creditado na infância é inesgotável, como se renovasse, permitindo a superação a cada contrariedade. Mas esse reduto de carinho estava reservado ao nicho familiar, aos amigos próximos e, naturalmente, aos amores. Estranhava a beijoquice entre pessoas que apenas se conhecem superficialmente e para dizer a verdade sempre achei o aperto de mão nas relações sociais ou profissionais coisa muito mais civilizada. Há no beijo uma intimidade que me parece excessiva. Claro que isto resulta da educação, do gozo que sempre vi nos meus, sobretudo mais velhos, com os excessos de intimidade com meros conhecidos ou estranhos.

E agora? Os gatos. Está a fazer dois anos da chegada do Ritz cá a casa. Ao fim de tantos anos sem bichos para mimar tornou-se centro de atenções. Passou a ser um dos meus ai-jesus. Quando falo com amigos e conhecidos refiro-o amiúde. Já publiquei um vídeo dele no blogue. É assim a vida. Fonte de contradições. Nem por isso faço-o equivaler a gente. A vida do bicho por mais que goste dele não se equipara a do ser humano. Direi isto só por dogmatismo? Por teimosia arreigada a valores herdados? Com franqueza não sei responder à pergunta.

A beijoquice. Ao longo da vida passei por várias circunstâncias em que trocar beijos entre colegas ou conhecidos era um hábito aceite e imposto pela maioria, habituei-me um nada contrariada com base no em Roma sê romana, com a popularização da beijoquice nas últimas décadas na sociedade portuguesa. Acresce que desde miúda tenho uma questiúncula: cresci a dar apenas um beijo quando estava com a família materna e dois beijos quando com a família paterna. Claro que me baralhava, trocando os territórios e usos diferentes. Os meus amigos queixavam-se que os deixava pendurados à espera do segundo beijo. É a vida. Nem todos temos a mesma história em matéria de beijos – isto daria um tratado.

E agora? Aqui nos blogues é uma beijoquice pegada, como já foi antes noutros espaços virtuais em que não conheço a esmagadora maioria das pessoas senão online. Tanto deixou de me fazer confusão como acabo por promover a beijoquice, aderindo ao ambiente menos formal, mais descontraído. Será excesso de intimidade? Corresponderá a uma certa hipocrisia ou falsidade? Por desfasamento do real grau de conhecimento ou cumplicidade entre os beijocadores. Dificultará a seriedade com que assuntos mais densos deveriam ser tratados? A austeridade, que aprecio bastante, conferirá maior sobriedade à abordagem dos temas que vão surgindo? É possível. Mas não haverá espaço para tudo? Não saberá bem a beijoquice distendendo as relações? Não tenho respostas definitivas, nem dogmas sobre a matéria. A vida vai-se fazendo, vivendo.

E o que somos? O que vamos sendo.

*

Temas importantes em tempo de guerra e de efervescências várias, em época de mudanças estruturais de mentalidade. Cada vez que escrevo um post como este acima sinto-me a dar lanço à realidade - a deixá-la ir para a apanhar mais tarde -, sinto-me a ganhar fôlego.

Dramas existenciais

por Isabel Paulos, em 25.01.23

Aqui a trabalhar e a pensar: hoje tenho de sair às sete para assar o pargo. São altos os pensamentos a mover a mioleira. Mais cedo outro do mesmo calibre: as brancas têm as suas consequências. Não raro na paragem raparigas mais novas fazem-me sinal para passar à frente. E com isto recordo o comentário da minha enteada sobre os transportes públicos no Porto: aqui toda a gente dá o lugar aos mais velhos, não é nada como lá em baixo.

Está a ser um dia pacífico. Está a ser uma semana trabalhosa, mas simpática. A curiosidade é que do nada muito cai em casa. Na segunda-feira a moldura múltipla das fotografias espatifou-se sozinha no chão, partindo-se. Ontem um dos quadros do tríptico florido do IKEA caiu sozinho. Terá o frio influência? No primeiro caso os pregos estavam intactos no sítio, no segundo caiu. Dramas graves.

Ele há fases em que percebemos que há muito menos frivolidade na preocupação com o pé desmanchado da Luísa Carneiro do que nas inquietações dos que denunciam a frivolidade no desmanchado pé da Luísa Carneiro. E outras épocas em que o país e o mundo nos preocupa. Tudo normalíssimo. Quando tiver oportunidade faço um post sobre isto - ai as promessas. Deixo só umas palavras soltas para ver se não me esqueço de associações: café em grupo barulhento, desprezo por conversa sobre gatos, cusquices sobre vips, tagarelice e bitaites sobre acontecidos políticos ou, em geral, actualidade, redomas e nós cegos nas conclusões, volatilidade e amadurecimento. A ver se respondo a pergunta e meia: será a volatilidade mais próxima da maturidade do que o obtusidade? Por que será tão vulgar gente inteligente ser ao mesmo tempo obtusa.

Ai credo, sempre as mesmas referências pobres. Aquelas que toda a gente sabe, conhece. O visto e revisto. Nada de novo, de excitante. Nada de luzidio que se possa passar adiante para brilhar. Que tédio e falta de densidade. É o que dá a ignorância atrevida. Nada daqui se aproveita. Ide à vossa vidinha, espertos(as) arrogantes. Ide iluminados(as) presumidos(as).

Diário

- actualizado -

por Isabel Paulos, em 25.01.23

Durante os dias de anteontem e ontem pensei escrever. Mas não foi possível. Enquanto ocupada devaneei. Dei por mim a relatar mentalmente os últimos dias misturados com os eternos projectos que ora se concretizam ora ficam em suspenso. Pequenos episódios, as lembranças associadas, mas não saberia escolher alguns deles para que o post não ficasse extenso e por isso tragável. A seleccionar, possivelmente, o mais relevante é a gente – o essencial. E aí começaria por hoje, pelo facto de ter recebido logo pela fresca mensagem alegre da T., a passarinhar na praia com o gato ainda muito novinho levado pela trela. Depois de trocas de cromos sobre os bichanos de cada uma, combinamos falar no fim-de-semana. As conversas com a T. são longas e fazem-me sempre falta, até por estar habituada a elas há 35 anos e não haver nada como não ter que explicar quem somos a quem nos vai conhecendo de uma vida. Sai (quase) sempre o que nos vai na alma. Orgulho-me particularmente desta amizade por ter sabido preservá-la com presença mais ou menos pontual mesmo em momentos em que poderia tremer. Entretanto deverei ligar nos próximos dias à B. para retomarmos os almoços, desta vez a três, com a minha prima E., de quem “herdei” a amizade da B.. Com elas o grau de cumplicidade é diferente, há muito ainda a explicar, mas nem por isso faço menos gosto na convivência, até porque a curiosidade é muita e vidas muito diferentes da minha levantam sempre véus que me despertam interesse.

Ao saber a T. na praia lembrei-me da mãe dela, que morreu há talvez 15 anos, perco a noção do tempo, e a independência com que já reformada assim que o tempo se punha bom pegava no seu saco e toalha, metia-se no autocarro e ia para a praia, em memória dos tempos de Moçambique. Recordei também os vários familiares da T. que fui conhecendo ou ouvindo falar. Uma família grande de raízes transmontanas. E tudo isto me desperta a noção de ciclo de vida.

Ao pensar no gosto pela praia lembrei-me do meu irmão N. e da S.. E de ter falado com ela há poucos dias esperançosa por ter uma tarde livre de trabalho no dia de aniversário para poder ir à praia. A S. e o N. vão o ano inteiro à praia. O meu irmão T. e a M. R. correm todos os fins-de-semana a cidade de lés a lés a pé em caminhadas matinais. O meu irmão F. e a C. dedicam-se mais à casa e têm muito por onde se entreter. No passado fim-de-semana tive os meus pais cá em simultâneo, em conversa tranquila a quatro. Finda a qual me pus a caminho da piscina para nadar. Naquele dia com particular gosto. A água estava na temperatura ideal (da última vez a caldeira tinha avariado), sentia-me com energia e a disposição era boa. E é assim que a família toda vem à mente de forma recorrente, na presença e na lembrança dela. Uma monotonia só.

O almoço familiar para festejo do aniversário da minha mãe foi adiado para o próximo fim-de-semana e os meus sobrinhos já me confirmaram presença, o que me agrada. Está tudo tratado, é só sentar e usufruir destes laços apertados que servem de esteio à vida de cada um. A minha enteada prepara-se para festejar o aniversário em Amesterdão e o pai vai-lhe dando conselhos sobre a estadia que, naturalmente, ela não quer nem vai ouvir. Estranho seria o contrário. O pai do Nuno celebrou mais um aniversário no Domingo passado. Não estivemos presentes mas fizemo-nos representar por um bolo de massa folhada com doce de ovo. Tudo nos eixos.

Mais umas semanas e ligarei ao meu primo M. para pôr a conversa em dia ou combinar um jantar a quatro – os encontros em casa foram interrompidos antes da pandemia e ainda não os repusemos. Agora não, senão vamos falar da greve dos professores e não estou com vontade de perder tempo com o país e assuntos sérios. E lá para Março, sim, lá mais próximo da Primavera, desafiarei o C. para uma jantarada regada com o vinho que cá deixou há dois anos – espero apanhá-lo nos intervalos de Londres e Amesterdão e Florianópolis - e juntá-lo ao P. - se o conseguir arrancar a Lisboa -. e à T., e respectivas caras metades para reunião de velhos amigos cá em casa. Não sei como caberemos. Teremos de nos apertar nesta sala mínima, mas isso não interessa nada. Convém é não perdermos a oportunidade de estar juntos para podermos dizer todo o chorrilho de disparates que nos vier à cabeça. E o R. que me diga quando vem ao Porto para marcarmos um almocinho – R, estás a ler? Quem sabe para festejarmos os novos caminhos profissionais. Ao P. vou mandar amanhã as fotografias do Ritz, mas não lhe encontro a mancha vermelha na coxa direita. A ver se no decorrer do ano abro o vinho que gentil e generosamente nos deixou na semana passada e lhe fazemos um brinde - terá é de regressar cá a casa, mas desta vez com a C. e com direito a repasto. Isso de conversa a seco tem de acabar.

É, relendo o que está para cima, não acrescentei nada de novo ao que já disse antes no blogue. Os meus pensamentos ocupam-se muito frequentemente das pessoas que me importam e com a ideia da presença delas tantas vezes apenas projectada e às vezes comunicada, nem sempre efectiva. É a vida. O resto, o trabalho, as circunstâncias, as ideias, os grandes e pequenos pensamentos são apenas acessórios.

Para lá de tudo isto há o indizível. Que de muita exposição vivam as Comezinhas, muito mais há reservado, e assim ficará, apesar de poder não parecer.

E, claro, há a própria vida do blogue e daqueles que vão preenchendo parte dos dias com presença virtual. O facto de não ser presença física não retira importância nem valor. Tenho sentido o carinho de alguns dos leitores ou amigos que por aqui passam e deixam os seus comentários. Uns mais recentes, outros já com alguns anos. É muito bom tê-los por cá, tal como é visitar as suas casas online em regime de espontânea reciprocidade. Haja ânimo para escrever sejam quais forem os estados de alma do dia. Deixando de haver vontade de escrever, nada se perdeu. Fecho o blogue levando boa memória até que também ela se feche esfumando. Mas por ora, é para continuar. 

Trepadeiras

por Isabel Paulos, em 23.01.23

Glicínias

Gosto de glicínias, são-me muito familiares. Mas olhando a vida pública portuguesa fico a imaginar quão vazio de sentido pode ser o percurso de quem passa a vida a fazer de pau para várias trepadeiras sem valor ramificarem e florescerem cumprindo as suas ambições. A vida oca e penosa dos sustentáculos dos interesses.

Atubras

por Isabel Paulos, em 22.01.23

Há pouco o Nuno contou-me que passou na SIC uma reportagem sobre trufas brancas. Ao que parece andam por aí investigadores italianos, futuramente com cães, à procura das ditas. Imagino que em breve teremos a moda do cultivo e das receitas nas páginas lifestyle

Nos primeiros anos de vida em comum preparei-as algumas vezes com ovos mexidos por sugestão do Nuno, cujos familiares no Alentejo continuam, como sempre fizeram, a encontrar no campo verificando as rachas na terra, e a consumir como ingrediente nas refeições. Normalmente fritas, ou guisadas com leguminosas, como o Jantar de Grãos.

Mandavam-nas por correio. Para dizer a verdade, quiçá resultado da minha inabilidade para as preparar com sabedoria, não fiquei particularmente fã, atento o paladar a terra.

Talvez um dia perca uns minutos na internet a saber como se cozinham para melhor resultado e peça ao Nuno para falar com os primos a lembrar o gosto pelas atubras. Ou isso, ou esperar pelo resultado das científicas investigações italianas e pelos futuros numerosos posts de connaisseurs na matéria, que apontarão todos os erros de confecção aos antigos consumidores portugueses.

Coisa nenhuma

por Isabel Paulos, em 22.01.23

Agenda, elenco de tópicos, restos de pensamentos soltos ou apenas coisa nenhuma, é o que se segue.

  • A indiferença ou a necessidade de demonstrar que se está a fazer frete ao dar atenção ao outro, não reconhecendo a importância para si da dádiva do outro, fazendo-o passar por devedor de gratidão, revela carácter dominador e egoísta.
  • A falta de consideração, assente no preconceito e cálculo, pelos que podem fragilizar os alicerces da pose de superioridade, denota insegurança.
  • Os homens e mulheres de acção, trabalhando muito e afincadamente para si e para os outros, não raro não os conhecem nem fazem esforço para conhecer para lá do catálogo, não cuidam do essencial nem costumam compreender o sentido da vida, acabando por confundir bajulação com reconhecimento ou por ficar amargurados pela falta de reconhecimento.
  • O que sobra da fragilidade das opiniões que se expressam ao longo da vida, presas às circunstâncias, às influências também elas conjunturais, ao conhecimento mais ou menos profundo dos factos e a inclinações emocionais disfarçadas em função da maior ou menor cientificidade ou erudição, é o carácter de cada um e a honestidade empregue nas palavras e nas acções.
  • Fora dos casos de desavenças graves e para lá do desligamento próprio de fases ou feitios mais independentes, a falta de sentimento de pertença ao ninho e inaptidão para defesa dos seus - da cara metade, dos filhos, dos pais – e, em contraponto, o deslumbre  constante pelos outros revela deslealdade.  
  • A busca incessante da novidade, de aprovação, de novas caras e amizades superficiais, e o correr de admiração em admiração fugaz, denota insatisfação e leviandade.
  • Tipos de amizade. As geradas na infância e adolescência, em ramificações familiares, no percurso escolar ou de vizinhança; as assentes em afinidades e cumplicidades de índole; as circunstanciais, como as baseadas em relações profissionais ou em algum interesse ou actividade mais ou menos duradouro; as relações interessadas ou falsas amizades, mantidas na perspectiva de obter ou conservar qualquer regalia que de outro modo seria difícil ou impossível.
  • Independentemente de como tenham nascido, a profundidade ou superficialidade das amizades afere-se pelo do grau real de abertura e confiança da relação e capacidade mútua de compreensão para lá da presença, atenção ou satisfação de interesses partilhados.
  • O hábito de ver em cada defeito que se aponta ao outro uma possível falha própria inferniza a vida, mas enriquece-a.

*

A cada instante escreves e sentes a pequena angústia de dar o ar tonto de quem acha estar a descobrir a pólvora. Isto é, a debitar uma qualquer banalidade que nada acrescenta ao conhecimento geral. Todos os sermões que plasmaste nas Comezinhas podem ser reduzidos à insignificância, a verdades de La Palice. Ou, claro, deturpados. Falar em relações interessadas, troca de favores, corrupção, desonestidade, dissimulações, desconsiderações, falta de reconhecimento do mérito e, máxime, em injustiça, é tido por ingenuidade: por evidente torna-se ridículo. A suposta sofisticação determina serem considerações desprovidas de validade e interesse prático por alegado desconhecimento ou falta de capacidade em lidar com o carácter duro e implacável da natureza humana e Universal. A realidade é como é, sempre foi assim e será e que há-que fazer pela vida – a fórmula certa de se continuar a viver da esperteza saloia.

Gentileza

por Isabel Paulos, em 21.01.23

Lido

por Isabel Paulos, em 21.01.23

“Fascismo, nunca mais!” - O alarme contra os “populismos” e a pretensão de os reconduzir a velhas formas de autoritarismo ou totalitarismo, parece ignorar as diferentes circunstâncias, doutrinas e práticas de então e de hoje, de Jaime Nogueira Pinto, no Observador.

Com o aparecimento no mundo euroamericano de movimentos populares com características antiglobalistas e identitárias – movimentos que encontraram expressão política dominante em países como os Estados Unidos, o Brasil, a Itália, a Polónia e a Hungria e têm presença nas oposições da maioria dos países europeus –, tem havido uma campanha mediática forte para os equiparar ao regime fascista mussoliniano que, vai para um século, triunfou em Itália.

Os sinais de alarme contra os “populismos” – contra os de direita, porque os de esquerda são ignorados ou olhados com simpatia, como excessos de generosidade e juventude – e a pretensão de os reconduzir a formas históricas de autoritarismo ou totalitarismo, parecem ignorar as diferentes circunstâncias históricas e as doutrinas e práticas de então e de hoje.

Nesses outros anos vinte, as alternativas que se perfilavam à esquerda e à direita, e que eram declaradamente antidemocráticas, recorriam à violência como forma superior de luta e lutavam entre si e contra um sistema que entrara em falência.  Hoje, a violência física é rejeitada por esquerdas e direitas, e a esquerda tende a apropriar-se da “Democracia”, ou do sistema, para, a partir de dentro, de uma posição de poder, varrer para fora da “normalidade democrática” alternativas à direita que não põem em causa a competitividade democrática, antes, se legitimam através do voto popular.

Por isso talvez valha a pena recordar os anos vinte de há cem anos, começando por lembrar que as circunstâncias das rupturas histórico-políticas se devem mais à incapacidade das classes dirigentes para aguentar novos desafios do que à razão ou mérito das oposições no ataque ao poder.

[...]

A partir deste “zero” como vão vencer? A violência e a radicalidade da revolução soviética, com os seus milhões de mortos, despertara na Europa um clima propício ao estado de excepção permanente para resistir ao que era visto como uma ameaça existencial à civilização; e daqui surgiu o que Ernst Nolte chamou a “guerra civil europeia” – uma luta de princípios, ideologias e concepções de vida totalitárias, que se apoderou de grandes potências e se propagou por todo o Continente.

É com base nesta excepcionalidade – e nas consequências político-sociais e geopolíticas da Grande Guerra – que devemos olhar aqueles anos vinte, e não com uma percepção maniqueísta de ardis e conspirações de um polvo reaccionário desejoso de suprimir a Europa liberal e a liberdade na Europa.

Para entender este tempo, é importante ter em conta estas rupturas e o seu grau de radicalidade. As torturas e massacres das Tchecas soviéticas, o medo que despertaram nas elites e nas classes médias de toda a Europa perante uma revolução que, em nome da utopia, destruíra os factores de uma sociedade livre – desde a liberdade religiosa à propriedade privada – explicam o apoio das classe médias e das elites, não só aos fascistas italianos, mas também aos movimentos autoritários e ditatoriais conservadores ocorridos na Europa Oriental e Meridional, da Polónia de Pilsudski ao Portugal do 28 de Maio.

[...]

Hoje, não há nada de semelhante ao “perigo fascista” nem ao “perigo comunista”. Mas há uma circunstância real, ou percebida como tal pelos povos da Euroamérica: uma ameaça aos valores da civilização laica e cristã – à religião, à nação, à família, à liberdade, à vida – tal como foram entendidos ao longo de gerações; uma ameaça com cambiantes experimentalistas e rupturistas imprevisíveis a longo prazo. Chamar aos que contestam essa decadência, “fascistas”, pode deixar satisfeitos os acusadores e perturbar alguns dos rebeldes. Mas não vai mudar nada.

 

Deveras interessante

por Isabel Paulos, em 21.01.23

Já dei vista de olhos pelas parangonas. O ambiente é de ressaca. Há 15 dias deu-se o festival do excite, agora entre tonturas e ressabiamentos uns tentam agarrar-se a qualquer rastilho que dê publicidade e vendas, outros tentam esfregar o ego invocando ridículos desdéns para disfarçar a azia, e o resto vai dispersando. Até ao próximo excite. Numa próxima revoada o país parecerá parar com tanto assanhado desejoso de assistir à descoberta da verdade, até um jogo de futebol ou uma qualquer intriga reles e entediante sobre notabilíssimos reporem a ordem natural das coisas, devolvendo o país audível ao seu normal estado de amorfo mixuruca. 

Tudo deveras interessante. Nadar, amanhã vou nadar.

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