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Ivan Kozlovsky

por Isabel Paulos, em 28.02.23

Varanda

por Isabel Paulos, em 28.02.23

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Hoje excepcionalmente a bulir em casa. Uma virose apanhou o pianista. Nada de grave.

Varanda

por Isabel Paulos, em 27.02.23

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Esta segunda-feira.

 

Banalidades. Coisas comezinhas.

As tulipas trazidas de Amesterdão no início de Outubro de 2022.

Plantadas no dia 16-10-2022.

Reparei que despontaram a 21-12-2022

Raparei com desenvolviam a 28-01-2023.

A primeira floriu no dia 14-02-2023.

A segunda já estava florida no dia 17-02-2023.

O caule acabou por desenvolver depois de florirem, visto a 21-02-2023.

A primeira a nascer deu sinais de velhice a 25-02-2023.

O peso fez tombar um pouco a segunda, ontem, 26-02-2023.

Na manhã de hoje a segunda estava bem erguida por si própria, não coloquei qualquer apoio. A primeira parece estar a envelhecer devagar.

Bom dia.

RAP

por Isabel Paulos, em 27.02.23

Há muito não via um Alta Definição. Acabo de assistir na box à entrevista transmitida ontem a Ricardo Araújo Pereira. Um homem indubitavelmente inteligente e reflectido. Nem vale a pena referir a graça, é desnecessário por ser de tal forma evidente. Deixo, não obstante, duas notas até para confirmar aquilo já aqui foi dito várias vezes quando me referi directa ou indirectamente a RAP. Por mais que invoque estudos para provar que não tem peso como orientador de opinião, e enaltecer um humor supostamente inócuo sob o ponto de vista moral e político, reduzindo-se apenas ao regozijo da liberdade de em democracia fazer piadas parvas e não sensatas, a verdade é que muito poucas figuras em Portugal têm o mesmo peso e influência na opinião pública nacional.

E a questão da demarcação do moralismo é no mínimo divertida. Parece um paradoxo, mas não é: os denunciadores dos moralistas e do moralismo são sempre os que mais valores morais propagam. No caso de RAP, posso até estar próxima da evangelização através da ironia que vai fazendo ao longo dos anos, mas não deixo de anotar o quão moralista é.

Por fim, fico sempre com pena que gente bem-sucedida evoque tanto o trabalho – chave indispensável do sucesso, não haja dúvida -, mas não sublinhe a felicidade de ser fadada por natureza com facilidades e talentos que tocam a poucos.

Excepções no espaço público

por Isabel Paulos, em 26.02.23

A não perder Nuno Rogeiro hoje no Leste/Oeste, na SIC Notícias. Um diplomata de mão-cheia. 

Pergunta semi-retórica

por Isabel Paulos, em 26.02.23

 

É de mim ou temos Marcelo Rebelo de Sousa a governar o país em tempo real nas televisões?

 

Varanda

por Isabel Paulos, em 26.02.23

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Este Domingo.

 

A que nasceu depois ficou maior e por isso tomba um pouco. 

Enquanto ponho esta fotografia, o arroz de berbigão para almoço acaba de fazer-se. Enquanto escrevi o post anterior uma borboleta fazia jogos de sombra na cortina; não a cheguei a ver, mas apenas o típico vôo errático nas cortinas como uma sombra chinesa.

Está um belo dia de sol.

Breve nota

por Isabel Paulos, em 26.02.23

Às vezes o que é, é mesmo o que é. O sarcasmo, a perversidade no pensamento e a necessidade de esmiuçar por desconfiança, tidas por sofisticação intelectual, só demonstram medo e falta de inteligência.

This Race Called Life

por Isabel Paulos, em 26.02.23

 

Bom Domingo.

Agora, depois deste momento pueril, vou fazer compras no Continente online.

(Dito assim parece que o Continente patrocina este blogue; ãh, que tal? Tudo vos soa muito vulgar, não é?)

 

Dois tópicos

por Isabel Paulos, em 26.02.23

Na sexta-feira tinha previsto escrever acerca da passagem do tempo como revelação e a facilidade de destruição da imagem ou reputação do comum mortal. Entretanto meteu-se um longo e reles Sábado de permeio (aos que gostam de tentar estragar os dias aos outros, informo que se o desprezo é tão grande, é escusado darem tanta atenção; arranjem uma vida com interesse e logo verão que não precisam perder tempo comigo), fazendo-me esquecer o que tinha intenção de escrever, mais uma vez sem antes estar delineado.

O primeiro item do tempo como congregador de conhecimento, como cola de peças desavindas e desconexas, é a ideia simples da lenta progressão da aprendizagem por contraste com a ostentação de parcelas de verdade momentânea. E não me apetece dizer muito mais do que isto.

O segundo ponto da destruição da imagem e reputação do comum mortal é apenas a constatação da frivolidade reinante no espaço público. O que tem valor não vinga a menos que ceda aos vendilhões da praça. Sempre que surge alguém que questiona as podridões da sociedade e defenda mínimos de dignidade, é vexado e desacreditado através da manipulação retórica. Uma onda de gozo e crítica feitos pelos grupelhos de interesse e influência que dominam o aparentemente sofisticado mercado nacional da informação e entretenimento e com eles as vendas políticas, jornalísticas e culturais. Nunca seremos um país para levar a sério se a voz da mediocridade disfarçada de competência e erudição se sobrepõe e abafa o valor através da manipulação. Seremos sempre um país de faz de conta, de chico-espertos a tentar dar ar de eruditos.

É muito fácil destruir outrem. Ninguém está a salvo de ver reduzida a cinzas a sua imagem e, uma vez que hoje não se distingue uma da outra, ninguém está a salvo de ver destruída a sua dignidade. E para os imbecis ou tontos que vêem aqui uma ameaça e para os que sempre vêem segundas más-intenções, aprendam a ler e a perceber o que lêem, em vez de tentarem mostrar-se muito sofisticados e de se chorarem tanto por não haver leitores em Portugal. A constatação de não haver limites à manipulação da opinião associada aos mecanismos de Inteligência Artificial é assustadora. Já a primeira é perigosa o suficiente, acrescentando as máquinas, o perigo torna-se exponencial. Devia fazer pensar. Todos.

Nota breve

por Isabel Paulos, em 25.02.23

Continuam os ataques cobardes sob anonimato ou assinados e ainda assim dissimulados. O que fazer? Ignorar os grupelhos de cobardes. Nunca passarão disso.

Recapitulando uma vez mais

por Isabel Paulos, em 25.02.23

Guerra na Ucrânia

por Isabel Paulos, em 13.04.22
 

Só se tivesse perdido completamente o juízo ou a capacidade de avaliação da realidade e não fizesse a mais pequena ideia do que são as leis que regem as relações internacionais é que não perceberia que o que se passou na Ucrânia foi uma invasão e não distinguiria de modo claro o agressor Rússia do facínora Putin da agredida Ucrânia - não acordei para a questão há dois meses, já me referi à previsível invasão em Abril de 2021, aqui e aqui, tal como me foi instintiva a tomada de posição desde o primeiro momento desta segunda investida de Putin na Ucrânia, aqui e aqui, sobre cujos antecedentes já aqui tive oportunidade de explanar.

Malgrado os forçados argumentos baseados no vínculo histórico-cultural comum esgrimidos pelos defensores da posição de força russa, a ingerência de Putin ao longo destes 20 anos, máxime através Viktor Yanukovych, é manifestação evidente do esforço de hegemonia regional russa na tentativa de impedir um Estado Soberano de prosseguir os seus interesses ao dar os passos necessários para se juntar a entidades supranacionais - no caso União Europeia e NATO - em clara violação do direito da liberdade de associação entre estados.

Usando de um tipo de manha que já não passa no tempo moderno face à capacidade da comunicação social desmontar a cada minuto as mentiras forjadas - e, diga-se em abono da verdade, com igual capacidade da mesma comunicação social para as criar em favor de uma qualquer campanha de mentalização tida momentaneamente por superior - Putin foi preparando a invasão ao mesmo tempo que a desmentia, tentando enganar o mundo e acabando por investir contra o país vizinho, independente desde 1991, sob pretexto de manter a paz nos territórios separatistas de Luhansk e Donetsk. O feitiço virou-se contra o feiticeiro sendo os russos confrontados com o inigualável espírito e capacidade de resistência ucraniano, apoiado pelas boas intenções das vozes internacionais audíveis e pelo fornecimento de equipamento militar por diversos países ocidentais.

Apesar da contra-ofensiva do país cuja soberania foi violada, a dura realidade no terreno deixa a descoberto um cenário de destruição das principais cidades ucranianas, e das vilas e aldeias que, como bolsas de resistência, ficam a caminho desses pontos urbanos. Os ataques com misseis de longo alcance russos destruíram não só muitos dos activos militares ucranianos, como foram bombardeadas zonas administrativas, residenciais e hospitais. O caso mais chocante de crise humanitária é talvez o da cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia que, pela sua posição estratégica de acesso ao Mar de Azov, foi alvo de cerco e bombardeio durante semanas pelas forças russas, causando centenas de mortes de civis. Nas últimas semanas equipas de voluntários reúnem relatos e provas no terreno de crimes guerra e infracções dos direitos humanos.

*

Há quase 20 anos talvez me satisfizesse com uma posição maniqueísta da situação, vendo de um lado a vítima e do outro apenas um único agressor. Quando tive o primeiro blogue - creio que em 2003 - lembro-me da reagir mal às críticas à hipocrisia norte-americana. O mundo dividia-se entre posturas anti-comunismo e anti-americanismo, assemelhando-se às discussões Porto-Benfica por adeptos fanáticos. À época era uma tonta que tomava partido pelo lado americano. Típica discussão infantilóide na qual só me perdoo ter alinhado por na altura estar na casa dos 20 e saber pouco da vida. Por isso me é tão estranho continuar a ver as mesmas lengas-lengas e a forma leviana de tratar a guerra em gente com idade para ter juízo e experiência de vida da qual não parece tirar lições.

Há uma série de questões que sempre que se colocam despertam reacções raivosas inconsequentes de gente excitada ou fanáticos, habituados a viver num mundo pintado a preto e branco pela comunicação social menos exigente, que são meras decorrências do pensamento de quem não gosta de ser leviano quando tenta perceber a realidade em que vive.

As razões do ímpeto belicista de Vladimir Putin estejam ancoradas numa estruturante mágoa pela quebra de status da Rússia na geopolítica internacional com o colapso da União Soviética e numa visão imperialista e não democrática do mundo, ou tenham também por base um ressentimento anti-americano pela preponderância dos Estados Unidos nas relações internacionais através do uso da força militar, não devem ser negligenciadas ou omitidas sob pena de não se perceber o que está a acontecer.

Tal como a inegável e crucial ajuda norte-americana à Europa na Segunda Guerra Mundial - e, sobretudo, na sequência dela -, o seu papel de grande país democrata acolhedor de milhões de emigrantes fugidos da pobreza e da violência de estados totalitários e a partilha dos valores ocidentais, não nos deve fazer reféns da gratidão e cumplicidade, mantendo-nos com palas nos olhos, cegos às evidências dos interesses em jogo nos dias de hoje.

Não é por a China ser um país autocrata desrespeitador dos direitos humanos que deixa de ser verdade a acusação aos Estados Unidos de promoverem ou facilitarem a Guerra na Ucrânia como forma de lucrarem economicamente com a substituição do fornecimento à Europa do gás russo pelo gás norte-americano, numa altura em que estavam com maior dificuldade em escoá-lo.

Não é por não merecerem todo o nosso apoio e ajuda que não é notório que os martirizados refugiados ucranianos tiveram maior compreensão dos restantes europeus que acorreram a acolhe-los do que os escoiceados refugiados sírios. E falar em migração económica num país destruído por 10 anos de guerra, com a participação de diversos países ocidentais e seus interesses, e onde foram usadas armas químicas não abona muito a favor de quem invoca para a Ucrânia toda a defesa dos mais nobres valores mas é incapaz de ter a sensibilidade de perceber que os direitos humanos não são bandeirinhas para hastear apenas para o lado daqueles com quem simpatizamos ou para o lado das vítimas dos que detestamos.

Para terminar, deixo a sensação que decorre em qualquer alma com um pingo de compaixão pelo sofrimento alheio: o absurdo hiato entre o cenário de crime e violência circunscrito à Ucrânia a quem os países europeus e demais Ocidente vai fornecendo armas para se defender ao mesmo tempo que tudo fazem para que o cenário de horror não extravase fronteiras, assistindo à tragédia com a leve penalização do agravamento temporário da inflação, que acabará por favorecer as suas economias.

O pretexto tão real quanto conveniente da ameaça de conflito nuclear tem permitido à Europa e aos Estados Unidos manterem-se confortáveis enquanto a guerra está circunscrita, de nada valendo a regra, noutras circunstâncias tão invocada - desde a intervenção da NATO na Jugoslávia para defesa dos direitos humanos no Kosovo -, de que as intervenções militares podem ter justificação no caso de violações maciças dos direitos humanos, permitindo mesmo a invasão de um Estado Soberano.

A Invasão da Ucrânia

- actualizado -

por Isabel Paulos, em 25.02.23

Na próxima hora vou reunir aqui neste post as ligações para as entradas nas Comezinhas acerca de Ucrânia e de Putin. É tarefa demorada, mas faço desta forma o apanhado geral.

Feito.

Adenda. Resolvi colocar além dos meus textos, as entradas para as notícias dos jornais, que aqui fui mencionando. Ficou desconfigurado, mas não vou corrigir. Exigiria paciência. § Afinal reconfigurei, haja paciência.

*

Momento Miss Universo, em 09.04.20; O espanador - Rússia e Ucrânia, em 04.04.21; A ler, em 18.04.21; Jornais, em 17.06.21; Agenda, em 04.08.21; A ler, em 19.01.22; A ler, em 21.01.22; A ler, em 24.01.22; A ler, em 03.02.22; A ler, em 08.02.22; Jornais russos, em 15.02.22; Mimetismo, em 17.02.22; Guerra, em 22.02.22; Sentimento do dia, em 25.02.22; Passo a passo, em 25.02.22; A parte mimada do mundo - o pacifismo de sofá -, em 26.02.22; Pormenores, em 27.02.22; Vendo parágrafos, em 01.03.22; Verdade, em 01.03.22; Mexerufada de ideias, em 05.03.22; A ler, em 05.03.22; A direito: é preciso matar Putin, em 07.03.22; O espanador - Ucrânia - actualizado -, em 13.03.22; Relações abertas, em 17.03.22; Oráculos, em 21.03.22; Ouvindo, em 23.03.22; Sinais preocupantes, em 23.03.22; Três e Meio em Um, em 02.04.22; A Guerra, em 06.04.22; A ler, em 09.04.22; Guerra na Ucrânia, em 13.04.22 (destaco este); Agradecimento, em 13.04.22; Mais uma mexerufada, em 16.04.22; A ler, em 18.04.22; A ler, em 26.04.22; A ler, em 29.04.22; Lembrete, em 29.04.22; Ex-pata, em 30.04.22; A ler, em 01.05.22; Diário, em 07.05.22; "A palavra menos obscena nesta música é foder", em 26.07.22; Ouvido, em 21.08.22; A ler- actualizado -, em 22.08.22; A ler, em 03.09.22; Vladimir Putin, em 30.09.22; Lido- actualizado -, em 08.10.22; Lido, em 09.10.22; Espanando ao de leve- actualizado -, em 25.12.22; E que tal uma Petição a Favor da Eliminação de Putin?- actualizado -, em 20.02.23; Hiatos- actualizado de novo devido ao excesso de "vezes" -, em 21.02.23.

Pode ainda ser pior?

- actualizado -

por Isabel Paulos, em 25.02.23

Ontem surgiu na minha mioleira ideia medonha. Sempre critico as redes de interesse, os consequentes vãos elogios tribais e a falta de mérito no acesso ao poder e aos lugares ao sol na sociedade. Pus-me a pensar se é pior do que penso: se o carácter poucochinho da maioria do que é enaltecido e vendido como se tivesse qualidade for sinal não só da promiscuidade dos interesses e das excitações momentâneas, mas da real inexistência de valor. Será que não há gente com pensamento estruturado e independente? Não haverá onde recrutar gente de valor? Entre recrutadores e recrutáveis só haverá vendilhões de lugares-comuns, bandeiras de facção e intriga palaciana de algibeira? Ou estará escondida, essa gente? A conversar em família e com amigos, a trabalhar com seriedade e a viver o dia-a-dia com as dúvidas, os erros e os acertos e todas as vicissitudes próprias do comum dos mortais, evitando a todo o custo expor-se num mundo que privilegia o que vende e vende fancaria, bazófia e vacuidade?

Não é uma visão muito optimista, não. E, claro, há excepções. Mas não passam disso mesmo num país onde reina a imagem e não o valor em si.

Varanda

por Isabel Paulos, em 25.02.23

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Este Sábado.

 

Lei da vida. A que nasceu primeiro já dá sinais de velhice. Entretanto as hastes acabaram por desenvolver normalmente.

Lido

por Isabel Paulos, em 25.02.23

Sem acordos à vista, Durão Barroso admite situação idêntica à das Coreias: "Vai ser dificílimo durante muito tempo; nem guerra, nem paz", no Observador.

Questionado sobre até onde o Presidente russo poderá ir, Durão Barroso também não se socorreu de eufemismos. “Putin está a jogar tudo o que pode, e vai continuar a jogar, na permanência desta guerra”, considerou o antigo presidente da Comissão Europeia, explicando que, ao contrário do que acontece com a Federação Russa, para quem o conflito em curso não é “uma guerra existencial”, para Putin a guerra — ou a vitória na guerra — é uma questão de vida ou morte (política e de facto).

 

Agenda

- actualizada -

por Isabel Paulos, em 24.02.23

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Aqui na serenidade da lufa-lufa. Ah, as contradições, mas é isso mesmo: o movimento que traz tranquilidade. Também ajuda ter estado a ouvir Chopin enquanto trabalho e agora um cocktail de música clássica sugerida pelo YouTube - não ser criteriosa dá-me a bênção de ser brindada com coisinhas boas sem saber bem o que oiço: doces enlevos da ignorância. Aqui a saber que estou 24 minutos atrasada no plano de tarefas do dia. Nada de grave, há dias em que não planeio a jornada de trabalho e a vida acontece na mesma. Mas o facto é que gosto dos dias em que vou marcando mentalmente horários para terminar as sucessivas tarefas e consigo cumprir. As metas ajudam e facilitam o quotidiano. Nada pior do que jornadas baralhadas de todo. Não é que não façam falta e o acaso, a surpresa e mesmo as contrariedades não sejam férteis, mas a rotina com objectivos permite um certo bem-estar físico e mental difícil de alcançar doutro modo.

Agora estou atrasada 27 minutos. A ver se só me retardo meia-hora.

Deixo neste meu moleskine a céu aberto dois tópicos que hoje me pipocaram na ideia. Talvez os desenvolva mais tarde. Ficam em agenda:

  • a passagem do tempo como revelação; 
  • a facilidade na destruição da imagem ou da reputação do comum mortal.

 

(Atrasei-me 38 minutos; 18 deles por causa do blogue.)

 

Adenda. O que vale é que isto funciona como na Fórmula 1, nas últimas voltas no sossego do prego a fundo (ah, as contradições) acabei por recuperar o tempo perdido e terminei todas as tarefas até aos três minutos para as sete. Não sei em que lugar fiquei, mas isso não me preocupa minimamente - mentalidade lorpa de concurso: ah, o que interessa é participar -, sei é que estou francamente bem-disposta por ser sexta-feira e ter um fim-de-semana pela frente.

Diário

por Isabel Paulos, em 23.02.23

Acabo de ligar o aquecedor ponderando se aqui vou estar tempo suficiente que justifique o gasto. Este mês a factura da luz aumentou. Nos últimos anos até achei que estávamos a dosear os custos, sendo as contas mais simpáticas. Recordo-me de em Bessa Leite gastar mais, apesar do fogão ser a gás. Aqui é tudo eléctrico, o que me agrada, deixando-me contudo dependente de uma única fonte de energia, situação que não é aconselhável. Duas observações. A primeira para dizer que não se costuma considerar educado falar de aspectos financeiros pessoais em público. O que é estranho. Ao contrário da maioria dos meus compatriotas que gostam sempre de dizer que em Portugal é assim e lá fora é assado, não sei como é lá fora, por nunca ter vivido tempo suficiente fora do meu país para tomar pulso aos hábitos arreigados. De qualquer modo, há sensações. E, claro, a verdade universal de em todas as partes do mundo haver gente com educações muito diferentes, de nos quatro cantos do mundo haver gente mais e menos educada. Mas em termos genéricos dizem-me elas, as sensações, que povos mais criteriosos, com costumes prudentes e racionais, não fogem à discussão e ao enfrentar das questiúnculas económicas. Dos aspectos práticos da vida. Coisa pouco apreciada neste país de poetas de quadras em verso de pé quebrado. Talvez seja por isso que alguns países sejam mais desenvolvidos, mais ricos e alguns povos gozem de melhor qualidade de vida. Por cá falar de dinheiro, sobretudo com realismo e verdade, é falta de educação, como era para alguns na primeira metade do século passado falar de doenças. Uma das minhas bisavós quase teve um chilique - contido, obviamente -, ao ouvir à mesa de jantar alguém referir-se a uma dor de dentes. Ficou vexadíssima pela má-criação. Compreendo-a perfeitamente: em novita quando num jantar em casa de um ex-namorado, com a família dele, vi circular uma pomada para zonas íntimas no final da refeição, fiquei para morrer, apesar de ter sabido disfarçar, de já estar na casa dos 20, de até então já ter presenciado muito que pasmasse a maioria dos conterrâneos e por natureza ser pessoa pouco dada a mariquices e etiquetas que tais. Mas quão absurdo será falar disto num tempo em que à hora do jantar se atira na televisão com publicidade a pomadas para a candidíase vaginal, e para quem logo no primeiro emprego a fazer sondagens políticas se viu forçada no meio do questionário a perguntar aos entrevistados se conheciam certa marca de laxante? Brilhante. Além disso, a maioria dos conterrâneos pensará: mas onde está o problema?, por considerarem este tipo de sensibilidades coisa de gente esquisita, anacrónica e hipócrita, o que remete para outro momento grande da minha experiência de vida quando, aos 14 anos, no Instituto de Línguas Lencaster College o professor Nick comentava não se habituar à visão dos portugueses cuspirem no chão, ter assistido à reacção de uma colega, dizendo: então, para onde é que a gente havia de cuspir? Julgo que no momento corei por ela e pelo país inteiro, e ainda hoje sinto um nojo imenso quando passo por um desses selvagens na rua.

Bem, eram duas observações, mas estendi-me tanto na primeira, que me esqueci da segunda. Vou reler para ver se me recordo. Até já. Voltei e não me lembro. Passo por isso para outro item, ficando apenas presa ao tema anterior por espanto: quando é que ia adivinhar que contaria aqueles episódios? E porquê hoje? Não faço a mais pálida ideia. Saiu hoje. Os astros conjugaram-se e fizeram-me expelir estas lembranças agora, como podiam ter aberto outras gavetas da mioleira. Não faço esforço, a coisa “flói”, por isso não deve ter valor. Como se sabe tudo quanto tem valor exige esforço e é sofrido. Ora tudo quanto escrevo agora é apenas fruto de lembrança puxa lembrança, associada à falta de vergonha na cara para deixar fluir.

O item novo e simples, em três linhas. Como aspectos mínimos na vida nos podem fazer sentir bem: a capa nova do telemóvel e o novo filtro dão-me todos os dias a sensação de limpeza e mudança. Gosto. E foi uma pequeníssima alteração no quotidiano.

Ainda uma ideia básica, já expressa num post anterior. Como navegamos na máquina do tempo e do espaço pela leitura. Estamos em Fevereiro e ainda não comecei a ler novos livros. Isto é, talvez tenha começado, mas essa parte é irrelevante. Decidi sim, terminar quatro livros deixados a meio ou no fim o ano passado. Há quem deixe livros a meio ou no início por não gostar, eu cometo a proeza de gostar imenso e ainda assim abandoná-los por meses – antigamente eram anos, estou a melhorar, qualquer dia chego ao ponto de os ler de enfiada a todos; então?, tudo é possível se agora acordo antes do despertador. Será preguiça ou tolice, mas é assim mesmo: deixo os livros a meio ou no fim. E que universos temporais e espaciais me chegam à mioleira através da leitura desses quatro livros? O Brasil do século XIX, o Afeganistão da viragem para o século XXI, o Oriente ao longo dos milénios e Inglaterra há 100 anos. E querem que os leia de enfiada? Preciso de dar tempo às personagens e ao autor para se ambientarem ao meu tempo e confesso: o que menos me interessa é saber da intriga e do final da história. Na adolescência sim, e talvez na juventude, até saltava directo para o fim. Cada vez me interessam menos as miudezas e mais o tutano da vida, saboreá-lo como quem chupa o interior do osso da galinha, nem que seja como os cães, o enterre por meses, para voltar a gozar mais tarde. Pelo meio intercalei umas crónicas bem-dispostas, que estão na mesinha cabeceira só para aqueles dias em que me deito mais cedo e me apetece ler 10 minutos antes de dormir – o tomo das crónicas divertidas lá está há mais de um ano e possivelmente ficará mais um, já que são raros os dias em que leio na cama. Nesta fase prefiro o sofá. Dos quatro referidos há pouco, acabei dois. Nas próximas semanas tenciono acabar mais dois. E só então darei verdadeira entrada aos livros deste ano. Serão poucos, julgo, como usual.

São 23h30 e vou desligar o aquecedor do +1.

Avarias

por Isabel Paulos, em 23.02.23

Ontem durante o fim da tarde, noite e esta madrugada, algumas zonas de Ramalde (freguesia) e o Carvalhido, no Porto, estiveram sem serviço da empresa de comunicações NOS. Uma avaria por corte de cabo de fibra óptica. Abrangeu uma zona extensa e populosa. 

Claro que não pude deixar de me lembrar do post Conversas Íntimas de Agosto de 2020. Interessa-me perceber como se pode acidentalmente ou não cortar as redes de comunicação. Manias.

As aparências

por Isabel Paulos, em 22.02.23

De manhã ao descer a rua ouvi uma conversa atrás de mim: ainda é caro, são quatro euros por mês, mas para ter acesso a (…) de cultura vale a pena, posso entrar em Serralves, por exemplo, sem pagar. Fui ultrapassada por dois homens na casa dos 30 talvez, ar entre o negligé e o maltrapilho. Confirma-se: gente preocupada com a cultura. Nos pés sapatilhas brancas – ténis para os possidónios –, nas costas pequenas mochilas pretas: Adidas e Fila. No meu tempo (diverte-me escrever isto) eram pochetes ou carteiras de couro, os looks da cultura hoje são Adidas e Fila. Antes a minha mochila da piscina azul marinho, marca incógnita, comprada no chinês. A proveniência é a mesma, o trabalho escravo o mesmíssimo, só não obedece às certificações Iso e, claro, não confere o estatuto aparente de alma preocupada com a acerto do mundo.

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