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Espaço e tempo para dizer o menos possível. Ou talvez não. Sempre haverá o que dizer.
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Não fosse ter olhos e ouvidos e não conhecesse a desfaçatez, dissimulação e prosápia dos doutos do pequeno terreiro onde vivemos e ficaria condoída com tanta comoção pela tragédia portuguesa e atirar-me-ia para o chão em vénia radical de tanto espanto e admiração perante a lucidez e sensatez dos ilustres da nossa praça. Não fosse saber que nada mais os move do que a retórica, a mesquinhez e a vontade de vergar os outros às suas fúteis razões e cederia a argumentos inquinados e viciados, e não me divertiria tanto ao vê-los acusar os outros dos próprios vícios, como se nada fosse. Não fosse saber que usam as mortes para impressionar o seu nicho de público, cultivar a vaidade e dar imagem de pessoa decente e moralmente superior, e ficaria impressionada.
Felizmente, há muito me deixaram de impressionar os dotes de oratória e a retórica dessa gente que continua a cavar a tumba do País, muito convencida de estar a dar lições de inteligência e cidadania. Muito cheia de si e pronta a educar os outros.
Longe dessa áurea de brilhantismo do pedestal dos doutos do mercado da opinião, sou uma pindérica sem coração nem razão, preocupada com o pé desmanchado da Luísa Carneiro. Como se verá no postal seguinte.
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