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E volto à carga. Já cansada, exausta.
Oiço e leio a ladainha e os pregões da falsa moralidade em muito do que é dito e publicado. Como previsível os aduladores fazem o trabalhinho de espalhar a palavra dos situacionistas cabecilhas: é preciso desacreditar quem tem um discurso divergente e tem possibilidade de mudar para um pouco melhor o nosso País – apesar de todos os defeitos e perigos que cada visão comporta. Sabem que vivem e comem da mediocridade dos interesses instalados e esforçam-se na retórica, arte em que são quase imbatíveis. Querem inculcar na ideia da opinião pública que são valores civilizacionais que estão a ser postos em causa e armam-se em seus grandes defensores. São fáceis de identificar: foi observá-los ao longo das últimas décadas a trepar como hera a pirâmide social agarrados aos lugares, aos amigos que interessam. Foi vê-los calcar todos quanto serviram de degrau e desprezar todos quantos não contribuíam para o seu sucesso. Foi vê-los desdenhar ao longo dos anos dos grandes senhores do País, ao mesmo tempo que se aproximavam, imitando-lhes os hábitos e trejeitos. Tentando mimetizar o gosto e as ideias. Fazendo com que os seus filhos se cruzassem com os filhos desses mesmos a que antes chamavam grandes senhores e hoje chamam amigos de sempre. É o ciclo da vida em democracia. A expansão do pedigree.
Mais difícil é expandir a decência: a inteligência e sensibilidade. A verdadeira, não aquela que se aprende a dissertar – ou passar a imagem de possuir -, por se ter lido uns livros ou observado em pessoas nas quais se pressente valor, mas nunca o suficiente para as colocar ao nível de uma discussão intelectual válida. Consideram que lhes falta a lucidez. Pobres de espírito que traduzem lucidez por ambição e ganância. A decência é parente pobre da retórica e, como advém do carácter e não do interesse, pode ser encontrada tanto no amo como no servo, mas nunca em pulhas calculistas.
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