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Às 14h00 a máquina de café enguiçou, não espetou bem a cápsula, vai daí ao forçar a abertura levei com valentes esguichos de café na camisola de lã. Seguiram-se os palavrões da praxe, e como foi caso grave, impunha-se o relambório integral: pê que pê esta éme, éfe; cê. O alívio que proporcionou a enxurrada de vernáculo não fazia crer que ao fim do dia tivesse motivo maior para disparatar. Antes de sair da empresa tentei ligar o carregador do telemóvel e a entrada da placa de alimentação faiscou e começou a fumegar. Já sem forças para o vernáculo, segui resignada para a loja da NOS mais próxima. Havia encerrado mais cedo do que é habitual. Apanhei um táxi para passar por casa e seguir no mesmo para o centro comercial. Entrámos na primeira loja NOS: não, que a garantia não cobre e mesmo que tivesse seguro também não cobria. Pois, mas nem perguntei nada disso, interessava-me sim salvaguardar os dados, e já que a porra do smartphone estava com 16% de bateria, com urgência. Pois, tem de ir à Worten Resolve em frente à nossa outra loja. Lá fomos, e uma menina extraordinariamente prestável ajudou em tudo, mas de resto são 18 dias para vir a placa de alimentação e isto se der.
Nem tudo está perdido, pensei: compro um daqueles telemóveis de teclas barato. Só que caí em mim: e as aplicações? Só funcionam em smartphone. Resigno-me. Volto para a Loja da NOS. Escolho o primeiro depois de exaustiva explicação das características. A menina vai à parte detrás do espaço. Ah, pena, mas não temos. Escolho segundo, o mesmo elenco das qualidades do bicho. E vai lá dentro novamente, e diz: está mesmo com muito azar, esse também não temos. À terceira, escolho um mais caro, que não havia na loja, mas estava disponível na tal outra loja em frente à Worten Resolve. E lá fomos de requitó e trouxe o smartphone, não sem antes saber que teria de trazer novo carregador, porque e tal e coisa as entradas agora são diferentes. Mais a capa, que por ser burra disse que queria antes de perguntar o preço.
Na penúria seguimos para o PastaCaffe para continuar a delapidar o património, onde comi tortellini com cogumelos selvagens e queijo gratinado a meias com configuração do bicho e download das três aplicações que mais uso: WhatsApp, Uber e Porto.BUS. Mantive os contactos, ufa. Que susto. E é assim a dependência.
Chamei o Uber já pelo novo aparelho e o insólito: o carro estava lá estacionado, mas sem motorista. Cancelo a viagem, chamo outro que confirma: alguém teve que aceitar a viagem. Muito provavelmente um chico-esperto. Este era de facto o meu dia.
Chegámos a casa e o novo aparelho, que sabe muito mais de mim do que desejável, informou que hoje dei os 10.000 passos aconselhados. De registar que pelo menos 8.000 foram dados ainda na posse do anterior aparelho. Ufa, além de dependente sob permanente vigilância.
O telemóvel queimado só no próximo Outono faria quatro anos. Isso irrita-me. Se o conseguir recuperar, ficará de reserva para futuros azares.
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