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Pode a história de Espanha ser contada em menos de 300 páginas?, de José Carlos Fernandes, no Observador.
Lido com agrado, apesar do primeiro terço do texto e do "engraçadismo", da prosápia e do chico-espertismo que os jornalistas actuais e a generalidade dos que escrevem em jornais gostam de impingir. Não conseguem ater-se ao essencial nem reduzir-se à sua insignificância. Raro é o escrito - e este até é bastante bom - no qual não se demonstra desprezo pela ignorância alheia. Sendo que o definido como ignorância é não raro criação artificial, podendo perfeitamente mudar de dia para dia, de apetite para apetite, conforme os ventos e as audiências.
E perguntam os iluminados: que mal tem isso? Isto diverte-nos, faz parte do jogo da vida, traz-nos excitação, faz-nos sentir mais vigorosos, entendidos e perspicazes. Mais fortes. Superiores, enfim. É a livre expressão a funcionar que defenderemos até às últimas consequências. Como em todas as matilhas temos de ter cordeiros para sacrificar. Não perceber isto é ser obtuso, é ser puritano, próximo da defesa do autoritarismo, da censura e dos regimes totalitários - em suma, é ser ignorante, e por isso mesmo pôr-se a jeito para ser mais um pronto a ser sacrificado, para que continue o nosso banquete.
O parágrafo anterior é excessivo a propósito do texto em causa, da autoria de quem considero escrever de forma bastante mais criteriosa do que os compinchas dos jornais, mas vale para a generalidade do que vinga na comunicação social e no entretenimento, actualmente miscigenados.
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