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Moralidades à quinta-feira

por Isabel Paulos, em 01.06.23

Ora, “vamo” lá despachar isto que é dia 1 e há muito que fazer. Só para dizer que hoje seria dia de Moralidades à quinta-feira, mas como sou uma bloguer de trazer por casa, não escrevi nada. Nem me vai sair nada de interesse de chofre. Deixo apenas a nota de que acordei muito mais inclinada para as imoralidades, por isso talvez não seja grande ideia fazer esfregas moralistas. A menos que variasse o título da rubrica semana sim, semana não: Moralidades à quinta-feira e Imoralidades à quinta-feira. Venderia mais nas semanas da apologia das devassidões. Afinal nada tem mais audiência do que a imoralidade – gosto particularmente dos invólucros justificativos e rendilhados retóricos que os intelectuais dão a essa necessidade tão humana de javardar.

Ontem depois de umas leituras distraídas por aí cheguei à conclusão que convém estar atenta por haver realidades que me passam completamente ao lado. Fiquei a saber que para encher espaços com muitos milhares de aficcionados ou se faz humorismo político ou se dão conselhos do género auto-ajuda lifesytle. O que revela o grau de carência de orientação da população. Existirão sempre pregadores convencidos(as) de serem portadores de mensagem evangelizadora. Pasmo com o grau de confiança na sua capacidade e habilidade de julgamento - como dizem as bruxas: o nosso lugar é aquele no qual nos colocamos.

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Pronto, e por agora é tudo. Daqui a mais uma ou duas horitas, depois de despachar tarefas inadiáveis, irei dar uma vista olhos por aí à volta. Antes disso e como não há dois momentos narcísicos sem três, conto apenas que conforme bom conselho que li ontem, mudei de passeio na caminhada habitual. Para a semana vou até mudar de rua. E os sapatos vão chegar a ter graxa, já que quem tem mãe tem tudo e a minha encontrou-me pomada para calçado azul. Prometo que não colocarei mais fotografias destas durante uns tempos.

Este post é uma batota. Não fui moralista o suficiente. Mas dar-lhe-ei o título da rubrica na mesma.


11 comentários

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De cheia a 01.06.2023 às 10:57

Nunca se venderam tantos livros de auto-ajuda, nem se acreditou, lá por uma pessoa ter lábia para enriquecer, mesmo que tenha de passar por cima de todos os outros, que podemos ser todos iguais.
Feliz dia, Isabel
Beijinhos
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De Isabel Paulos a 01.06.2023 às 11:35

Ontem nas minhas consultas esotéricas ouvi um exemplo caricato que diz muito: a crítica àqueles que não entram num restaurante caro o mais sofisticado por ficarem constrangidos como o luxo. A tese é que cada um deve almejar a pertencer a esse tipo de mundo (à riqueza, ao requinte, ao que se queira chamar), que somos aquilo que queremos e e estamos no patamar onde nós próprios nos colocamos. O que me pasma é que não passe pela cabeça de quem produz este tipo de afirmação que haja gente que não queria mesmo colocar-se em certos patamares só porque sim. E que não confunda riqueza e luxo com educação. Parte-se do princípio que todos devem almejar ao protagonismo e à riqueza, e desconfia-se de quem não segue esta postura na vida, considerando-a gente ingénua/desprovida de auto-estima ou falsa/ressabiada.
E, claro, depois há, como diz, os desencontros com a realidade: nem todos podemos ser iguais. Assim se geram cada vez mais as ansiedades e outros distúrbios psicológicos. 
Um dia feliz. Beijinho.


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De João-Afonso Machado a 01.06.2023 às 12:04

Esse tipo de livros que ensinam a bem viver (geralmente oriundos do Brasil, digo eu) tem uma aceitação que é imoral só pelos milhares de pessoas que engana. Por isso, força nesse tema, Isabel!
Um beijo
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De Isabel Paulos a 01.06.2023 às 12:48

Equiparáveis às seitas. Tem toda a razão. A ver se regresso a tema na próxima quinta-feira. 
Um beijo, João Afonso. Boa quinta-feira. 
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De Anónimo a 01.06.2023 às 14:54

Gostei do nivel de imoralidade
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De Isabel Paulos a 01.06.2023 às 15:06

Bem-vindo às Comezinhas, Nuno (ou pensas que não te conheço ).
Assim ficamos a saber que esta plataforma tem acessibilidade. Mas não abuses para não fazermos a figura de casalinho piroso, só nos falta o email conjunto, ah e fotografia conjunta com o Ritz no facebook.
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De Cotovia (MC) a 01.06.2023 às 15:07

Olá Isabel!
Gostei muito de ler este quinta feira que é, mas não é, mas que é mesmo uma chamada de atenção muito importante sobre a pressão e a imoralidade das imagens que se querem vender, perfeitas, bem sucedidas, com muitos milhares de euros de lucro... à conta da destruição do próximo em livros de auto ajuda e webminares e que mais subliminares conteúdos para ludibriar e enganar as Pessoas e brincar com as suas fragilidades.
Fico a aguardar mais Imoralidades à quinta e, não sei se sou só eu, mas também gosto destas tuas fotos
Dia feliz!
Beijinhos, Isabel!🐦
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De Isabel Paulos a 01.06.2023 às 15:30

Pressão enorme. Para sermos bem sucedidos temos de possuir 500 amigos do peito, sermos lindos e lindas com as medidas perfeitas, só podemos comer alface e beringela, falarmos e escrevermos by the book, termos príncipes e princesas encantados(as) como namorados(as), termos filhos com as melhores notas da turma e exemplares nos desportos, respeitarmos o que é de respeitar lado a lado com o que é um atentado à inteligência e ao bom senso, enfim, nunca pôr o pé em ramo verde e, sobretudo, nunca podemos errar e nunca devemos assumir erros. Isso é sinal de fraqueza e falta de auto-estima. Temos de ser absolutamente artificiais: os mais exuberantes vencedores deste concurso permanente para o mais bem sucedido.
Um beijinho, Mafalda, Obrigada pela visita. Excelente quinta-feira. 
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De Cotovia (MC) a 01.06.2023 às 15:44

Verdade, e infelizmente o preço é perder o sentido de viver, o desânimo, a depressão e o caminho para os médicos e as baixas ao trabalho. Quando nada disso existe, essa perfeição é um logro. Mas se não a tentarem impingir, como vão lucrar com ela? Uma banha da cobra como as bem antigas, mas agora têm nomes pomposos.
Obrigada Isabel, vamos indo, e boa quinta-feira para ti também, já só falta um dia, nunca mais temos a semana de 4 dias...
Beijinhos. 🐦
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De Isabel Paulos a 01.06.2023 às 16:31

É isso tudo, Mafalda. Esse logro, esse desencontro com a realidade a prazo atiça muito mais o mal-estar connosco próprios do que a simples insegurança quando em níveis normais. A falsa segurança, a inflação do ego, a necessidade de passar a imagem de auto-suficiente e de quem tem tudo sob controlo é um perigo para a saúde. Além de acabar por conduzir à pior das sensações: à solidão. 
Há uma espécie de vingança (no bom sentido, se é possível falar em vingança no bom sentido, talvez fosse preferível chamar-lhe recompensa) de quem expôe sem pudores as fragilidades e ridículos por mais sujeito esteja a ser enganado e motivo de chacota. Ao contrário do que se pensa, daí pode advir uma força maior. A tal que os psicólogos chamam aceitação (nisto têm razão). A aceitação da imperfeição.
Ai nem me fales na semana dos 4 dias. Sonho acordada com isso. 
Beijinhos.

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