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A anexação da Península da Coreia em 1910 pelo Império Japonês originou natural revolta dos coreanos e durante a Segunda Guerra Mundial fê-los juntarem-se ao esforço de guerra dos norte-americanos no fito de recuperarem a independência. Sucede que com o fim da guerra as duas potências vitoriosas acordaram na Conferência de Potsdam que a Península da Coreia fosse dividida em duas zonas de influência com ocupação militar provisória assente no marco divisório Paralelo 38: a zona norte ficou sob domínio soviético e a parte sul sob influência americana. Em 1950 a Coreia do Norte, com apoio soviético e mais tarde a participação chinesa, invadiu a Coreia do Sul com intenção de reunificar o país sob o comando de Kim Il Sung. Do lado da Coreia do Sul houve intervenção de tropas americanas. Em 1953 o armistício de Panmunjom determinou uma trégua que pôs fim ao conflito sem que viesse a ser assinado um verdadeiro tratado de paz.
Na Coreia de Norte vingou um regime comunista pró-soviético de partido único concentrado na industrialização e na auto-suficiência, que veio a perder o apoio russo em razão da cisão sino-soviética. A partir dos anos 70 a economia norte-coreana começou a decair com a crise energética provocada pela crise petrolífera passando a estar altamente endividada. Nos anos 90 estima-se que 800 mil pessoas tenham morrido de fome.
É difícil perscrutar o que se passa na Coreia do Norte atenta a ausência de informações sobre o que se passa neste país isolado do resto do mundo com um governo norteado por uma política extremista, com total opressão interna e intenções de agressão externa. Um país onde existe trabalho escravo e execuções públicas. Além de reconhecido como pólo de actividades cibernéticas maliciosas. É por isso de extrema importância o testemunho de quem está dentro dessa bolha tenebrosa que é a vida norte-coreana.
A realizadora do filme Soup and Ideology Yonghi Yang conta em documentários a história da família - coreanos emigrados no Japão em busca de uma vida melhor, com toda a envolvente de discriminação associada e a particularidade da comunidade coreana no Japão espelhar o conflito norte/sul do país de origem. Descreve a sedução no pós-guerra da primeira facção pela Revolução Comunista. Relata a forma como nos anos 70 o pai, entusiasta do regime socialista da Coreia do Norte, deu os três filhos rapazes adolescentes como uma espécie de presente de aniversário a Kim Il Sung, enviando-os orgulhosamente para o país de origem para viver na capital, Pyongyang. E a forma como pouco depois os pais se aperceberam do erro que cometeram ao receberem cartas dos filhos, nas quais se mostravam sempre muito agradecidos e tecendo louvores à Coreia do Norte ao mesmo tempo que juntavam fotografias dos próprios cuja magreza extrema os denunciava famintos. A realizadora descreve que esteve mais de uma década sem ver os irmãos e quando autorizada a visitar a Coreia do Norte, os viu por breves minutos, sendo orientada a usar o tempo nas visitas a museus laudatórios da história da Revolução.
A génese do programa nuclear da Coreia do Norte, intensificado nos anos 80/90, remonta aos anos 60/70 quando a União Soviética forneceu o primeiro reactor e foi construído o segundo - em resposta às pré-existentes ogivas nucleares na Coreia do Sul instaladas pelos Estados Unidos. Os norte-americanos negociaram nos anos 90 troca de ajuda económica pelo desmantelamento do programa nuclear norte-coreano, que nunca se concretizou, tendo-se a Coreia do Norte desvinculado do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares em 2003, continuando a desenvolver e modernizar armas nucleares e misseis balísticos, em violação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. No último ano Kim Jong Un tem promovido o lançamento de diversos misseis balísticos e ameaçou suspender a moratória de quatro anos quanto a testes nucleares e lançamento de mísseis balísticos intercontinentais.
Desta saga existem nas Comezinhas as entradas abaixo indicadas, muito desiguais entre si.
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