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Há muito não via um Alta Definição. Acabo de assistir na box à entrevista transmitida ontem a Ricardo Araújo Pereira. Um homem indubitavelmente inteligente e reflectido. Nem vale a pena referir a graça, é desnecessário por ser de tal forma evidente. Deixo, não obstante, duas notas até para confirmar aquilo já aqui foi dito várias vezes quando me referi directa ou indirectamente a RAP. Por mais que invoque estudos para provar que não tem peso como orientador de opinião, e enaltecer um humor supostamente inócuo sob o ponto de vista moral e político, reduzindo-se apenas ao regozijo da liberdade de em democracia fazer piadas parvas e não sensatas, a verdade é que muito poucas figuras em Portugal têm o mesmo peso e influência na opinião pública nacional.
E a questão da demarcação do moralismo é no mínimo divertida. Parece um paradoxo, mas não é: os denunciadores dos moralistas e do moralismo são sempre os que mais valores morais propagam. No caso de RAP, posso até estar próxima da evangelização através da ironia que vai fazendo ao longo dos anos, mas não deixo de anotar o quão moralista é.
Por fim, fico sempre com pena que gente bem-sucedida evoque tanto o trabalho – chave indispensável do sucesso, não haja dúvida -, mas não sublinhe a felicidade de ser fadada por natureza com facilidades e talentos que tocam a poucos.
Concordo no essencial consigo. Também sou tímida. Tenho dias, há alturas em que disfarço melhor. Julgo que tem a ver com reserva e o medo de ser mal interpretada: não gostar de ofender gratuitamente nem de ser ofendida. Oralmente isto levanta dificuldades, por não ser rápida no gatilho e trocar as palavras por dislexia (trago um Jorge Jesus dentro de mim eheheh). Não fosse a boa-disposição e estava tramada. Na escrita o factor tempo está do nosso lado, podemos defender-nos melhor.
Pela oratória e quanto a fundamentalismos ou radicalizações ideológicas não corro riscos. Se me habilitasse a fazer gracinhas seria trucidada e bem num ápice pela total falta de jeito. Seria facílimo alvo de chacota por ter muito ridículo por onde pegar. Na escrita tento vigiar-me para não cair em fundamentalismos. É sempre fácil embalar nos próprios argumentos e teorias da treta.
Quanto ao palavrões, fazem parte do nosso léxico e são muito libertadores. Mas há que saber dosear.
Beijinho.
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